Dados da Fundação Seade, órgão da Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado, mostram a participação das regiões administrativas no PIB paulista, acompanhando sua evolução entre 2002 e 2018. A média de crescimento foi de 2,3% ao ano no período, e os números mostram que as regiões de Bauru, Sorocaba, Campinas e Ribeirão Preto ganharam espaço, enquanto todas as outras apresentaram recuos.
Campinas e Sorocaba beneficiaram-se da expansão da atividade industrial em seus territórios, que cresceu em ritmo mais acelerado, da ordem de 3% ao ano. Destaque-se que Campinas já é a segunda região mais industrializada do País, maior que a de Estados como Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Houve também avanços em áreas do agronegócio ou do complexo sucroalcooleiro. Somadas, essas regiões representam 14,8% da economia estadual, e o crescimento foi de 4,0% ao ano em São José do Rio Preto e 3,4% em Bauru, demonstrando a força e o impacto dessas atividades.
O destaque negativo, mais uma vez, foi a região de Santos, que ficou na lanterna do ranking estadual. O PIB regional cresceu apenas 24,1% em 17 anos, com média anual de 1,4%. Como consequência, sua fatia na soma das riquezas produzidas no Estado recuou de 3,3% para 3,2%, evidenciando a difícil situação que a Baixada Santista vem atravessando nos últimos tempos.
Registro, representando o Vale da Ribeira, teve o maior crescimento acumulado (360,9%, 10% ao ano), mas insuficiente para fazer crescer seu peso no PIB estadual, que continuou diminuto, o menor entre as regiões paulistas: 0,3%. A Fundação Seade alerta, entretanto, que o desempenho aparentemente extraordinário deve-se à exploração de petróleo na Bacia de Santos, uma vez que, por regra do IBGE, o valor adicionado na produção no mar é atribuído aos municípios em frente aos campos, beneficiando principalmente Cananeia e Iguape, que recebem royalties e participações especiais. Há impacto pelo aumento de receita pública, mas não define nem promove o crescimento expressivo da região.
A Baixada Santista continua sem perspectivas, enfrentando muitas dificuldades. A atividade industrial foi reduzida nos últimos anos em Cubatão, a construção civil enfrenta forte crise, não há produção agrícola na região. Baseada no comércio e nos serviços, a economia regional não tem avançado, como demonstram os números da Fundação Seade, evidenciando a urgência de ações voltadas ao seu desenvolvimento, que, continua, infelizmente, incerto e distante.
A necessidade de se estabelecer novo modelo para o futuro regional, baseado em oportunidades reais que precisam ser encontradas e implementadas, é o grande desafio que se coloca aos governos locais, à classe política, aos empresários e a toda a sociedade.