O tombo de um gigante chinês

São questões que o Brasil precisa acompanhar,tamanha a dependência comercial que o País tem em relação à China

Por: Redação  -  22/09/21  -  06:34
  Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O caso Evergrande, empresa chinesa que amanhã pode não conseguir pagar sequer os juros de sua dívida colossal de US$ 300 bilhões (R$ 1,597 trilhão), não é do tamanho da crise financeira de 2008, mas surpreende o Brasil em um momento desfavorável. nesta quarta (22) o Banco Central anunciará mais uma alta da taxa Selic para tentar segurar a inflação e o Federal Reserve, o BC americano, talvez divulgue a redução dos estímulos à economia dos Estados Unidos.


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São ruídos que cercam o governo brasileiro, que também enfrenta múltiplas questões domésticas, do risco da demagogia eleitoral expandir gastos além da capacidade federal à crise hídrica administrada de forma branda pelo Ministério de Minas e Energia.


Portanto, as circunstâncias tornam os reflexos da crise da gigante imobiliária chinesa mais preocupantes do que seriam. O caso Evergrande atinge o Brasil por meio do segmento minério de ferro-siderurgia – na bolsa paulista, representado por Vale e CSN. Acreditase que o regime comunista socorra a Evergrande com algum adiamento de dívidas, para não contaminar seu mercado financeiro, apesar de não ter anunciado nada. O setor de construção chinês equivale a um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do país e a crise da companhia vai reprimir as vendas da Vale e das siderúrgicas, além de abalar bancos credores e milhões de trabalhadores compradores de imóveis.


O colapso da empresa também amplia suspeitas sobre a fragilidade do mercado imobiliário da China, estimulado pelo governo para realizar o sonho da classe média do país e manter o consumo interno aquecido durante décadas. No caso do Brasil, o fluxo de dólares diminuiria, forçando a valorização do câmbio e encarecendo commodities, como o petróleo e consequentemente os combustíveis. O BC brasileiro tem muitas reservas para queimar se for preciso, em caso de disparada do dólar, mas, em véspera de ano eleitoral, de tensões já previstas, o País não podia estar tão facilmente exposto a tanto estresse de forma simultânea. Não há economia que aguente.


A crise da China também está nos holofotes porque o país passa por um momento de aperto da regulamentação de vários setores da economia, depressão sobre os bilionários e de medidas ambientais duras de combate à poluição, entre outros efeitos do rápido crescimento do país. Até o bilionário segmento de criptomoedas foi desbaratado, com a expulsão dos mineradores computacionais do país, para abrir espaço para o iuan digital controlado pelo governo.


São indicativos de que o regime quer avançar com rédeas bem mais curtas durante essa fase de tensão político-econômica com as potências ocidentais, como Estados Unidos, e a Austrália, Japão e Taiwan. São questões que o Brasil precisa acompanhar tamanha a dependência comercial que tem hoje em relação à China, responsável por mais de um terço das exportações brasileiras.


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