O improviso nas catástrofes

Queda de habitações nas encostas e rios invadindo as casas são efeitos da falta de projetos de moradias decentes

Por: Redação  -  02/01/22  -  06:47
  Foto: Fernando Vivas/Governo da Bahia

Com tanto sofrimento resultante das fortes chuvas na Bahia e em outros pontos do País e desencontros entre autoridades para amenizar esses problemas, o ideal é que alguma lei defina a nomeação automática de um responsável para centralizar as decisões nessas situações.


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O País tem a sorte de não enfrentar catástrofes como furacões e terremotos, mas notadamente passa dificuldades para tomar medidas emergenciais para amenizar efeitos de fenômenos climáticos. Para evitar disputas entre os grupos políticos e desgastes com governos estrangeiros, o setor público em geral poderia contar com um marco legal com toda uma sequência de medidas para liberar verbas, convocar forças públicas e receber doações da iniciativa privada.


Além da chegada de recursos contra enchentes e flexibilização do FGTS para reformar casas danificadas, grandes danos à infraestrutura urbana exigem obras de longo prazo que, muitas vezes, não recebem as devidas verbas assim que as atenções sobre determinada tragédia se diluem.


As rixas políticas são comuns, ainda mais com a aproximação das disputas eleitorais, assim como cobranças sobre a forma como os governantes lidam com as catástrofes, como é o caso do presidente Jair Bolsonaro na semana passada. Mas é inaceitável que rivalidades eventualmente possam atrasar o socorro aos mais necessitados.


No caso da Bahia, a situação tem sido extrema, porque as chuvas perduram por vários dias e por uma área muito grande. Ainda que o governador Rui Costa (PT) cobre mais recursos do que o que efetivamente foi prometido pelo Governo Federal, a ajuda foi enviada pela União, até porque o ministro da Cidadania, João Roma, tem pretensões eleitorais no estado.


Entretanto, é preciso sistematizar os mecanismos de apoio, porque os fenômenos climáticos estão cada vez mais acentuados e castigando regiões específicas, como já ocorreu na Região Serrana fluminense, no Vale do Jequitinhonha (MG) e até mesmo na Baixada Santista. Como o País tem dimensões continentais e as mudanças da natureza geram tragédias cada vez mais surpreendentes e destruidoras, é possível que uma situação extrema não receba as atenções mais adequadas. É contra isso que se deve trabalhar.


Além de um sistema mais eficiente para emergências, o País precisa planejar seus investimentos em infraestrutura para reduzir o impacto das chuvas, entre outros fenômenos. Queda de habitações nas encostas e subida dos rios invadindo as casas são consequências da falta de projetos de moradias decentes para os mais pobres, assim como saneamento básico sem recursos durante muitos anos ou vias públicas sem melhorias.


Esses investimentos se tornam mais importantes ainda, considerando que os mais pobres se concentram nos bolsões de miséria no entorno das capitais ou das cidades médias mais desenvolvidas e de melhor poder aquisitivo.


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