O desafio da segunda dose

Segundo o Pasteur, no caso da Pfizer, a 1ª dose protege apenas 10% contra a Delta, mas na 2ª o percentual vai a 95%

Por: Redação  -  28/07/21  -  08:16
 No caso brasileiro, antecipar a segunda dose enfrenta uma disponibilidade limitada – e até abaixo do necessário em muitos momentos – de imunizantes
No caso brasileiro, antecipar a segunda dose enfrenta uma disponibilidade limitada – e até abaixo do necessário em muitos momentos – de imunizantes   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Como forma de bloquear o avanço da variante Delta, o Ministério da Saúde e alguns governos estaduais, inclusive o paulista, estudam antecipar a aplicação da segunda dose das vacinas AstraZeneca ou Pfizer, que hoje têm intervalo de 90 dias. Essa medida indica uma atenção redobrada em relação ao que se vê em outros países com a cobertura vacinal em altos percentuais, com bons resultados contra o vírus, mas com a Delta utilizando brechas para avançar. Tem sido assim no Reino Unido e em parte dos Estados Unidos – em alguns estados, a imunização reduziu o ritmo sem o banho vacinal esperado. A preocupação é que a continuidade da circulação da covid-19, seja por qual cepa for, dê margem a mutações mais resistentes aos atuais imunizantes no mercado.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Uma pesquisa do laboratório francês Pasteur mostra a importância da dupla imunização contra a Delta. Segundo o estudo, no caso da Pfizer, a primeira dose protege apenas 10% contra a variante, mas na segunda o percentual vai a 95%. Portanto, eventuais custos e revisão de estratégias em relação aos imunizantes são bem -vindos.


Entretanto, no caso brasileiro, antecipar a segunda dose enfrenta uma disponibilidade limitada – e até abaixo do necessário em muitos momentos – de imunizantes. Na noite de ontem, pelo menos nove capitais tinham interrompido a imunização por falta de doses, além de haver restrições em Goiânia e Cuiabá devido a estoques ínfimos e com São Paulo optando por suspender o início da vacinação da faixa dos 28 anos. Ao mesmo tempo, o Governo Federal possuía um total de 16 milhões de doses sem distribuí-las aos estados durante seis dias, segundo o site do jornal O Estado de S. Paulo. O ministério alegou que após recebê-las dos fabricantes, precisa contá-las e rotulá-las e que na segunda-feira de fato encaminhou 10 milhões de unidades aos estados. Nesse ritmo, está bem claro que há uma imensa dificuldade logística para fazer a distribuição dos imunizantes para todo o País em períodos mais curtos para contemplar eventuais intervalos reduzidos.


Na segunda, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, anunciou que a Pfizer terá as duas doses aplicadas entre períodos de 21 dias, mas não quis cravar quando isso acontecerá. Porém, com a velocidade que a Delta se espalha pelo mundo – e é bem possível que essa situação já esteja ocorrendo no Brasil – postergar essa medida pouca serventia terá se o objetivo for parar a variante.


De qualquer forma, nota-se que as previsões de que este semestre seria de grande oferta de vacinas ainda não se configuraram. A disponibilidade melhorou em relação ao começo do ano e em poucos meses mais imunizantes devem ser liberados pelas agências sanitárias pelo mundo. Entretanto, a demanda continua elevadíssima, com a covid-19 se disseminando pela Indonésia e a África com cobertura irrisória. A Tunísia, por exemplo, tem apenas 7% de vacinados.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter