O começo da vacinação infantil

Com a vacinação pediátrica contra a covid-19 finalmente deflagrada no Estado, repetem-se as dificuldades com a campanha dos adultos iniciada há um ano, com poucas doses, prioridade aos casos de comorbidade e depois imunização por faixa etária decrescente. Entretanto, o que interessa é que a imunização infantil superou barreiras políticas, até porque a comunidade científica defende a ampla vacinação a todas idades. Mesmo assim é necessário que a informação sobre a importância da vacina das crianças seja bem divulgada. E também que o Ministério da Saúde melhore sua logística, pois a distribuição dos imunizantes deste a quinta-feira enfrentou atrasos.

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A Baixada Santista recebeu 9,9 mil doses, das 234 mil destinadas inicialmente para a faixa dos 5 aos 11 anos no Estado. Pelo menos Santos, Praia Grande, Itanhaém, Peruíbe e São Vicente têm vacinação pronta para ser inaugurada hoje. Crianças com comorbidades e portadoras de deficiências, além de indígenas e quilombolas receberão as primeiras 850 mil doses no Estado até 10 de fevereiro. Em seguida, começará a vacinação de 11, 10 e 9 anos sem comorbidades.

A Pfizer já fez a entrega da primeira remessa da vacina pediátrica, com 1,2 milhão de unidades ao País, de um total de 4,3 milhões. Entretanto, o governador João Doria reclamou da baixa oferta da Pfizer, consumindo um mês de vacinação dos grupos prioritários. A preocupação de infectologistas e pais é que a campanha das crianças se estenda muito, deixando algumas faixas etárias desprotegidas após a volta às aulas, no próximo dia 2. Por isso a campanha precisa ser acelerada ao máximo devido ao contato das crianças com professores e funcionários das escolas. A ideia de Doria é conseguir o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso pediátrico da CoronaVac, que já é autorizado na Indonésia, Camboja, Equador, Chile e a própria China. O pedido, uma vez concluído, poderá gerar novos atritos com o grupo do presidente Jair Bolsonaro, que publicamente criticou imunizantes para crianças e a Anvisa.

Médicos ouvidos por A Tribuna tranquilizam os pais sobre a vacinação infantil por sua segurança e eficácia. O infectologista Robson Reis alerta que as crianças também podem ter quadros graves da doença, ainda que em número bem menor. Já a pediatra Ana Beatriz Soares lembrou que, de 7 milhões de doses pediátricas aplicadas nos Estados Unidos, foram detectados apenas oito casos de inflamação do coração (miocardite), todos com “evolução favorável”.

Além disso, há a possibilidade do vírus mirar as crianças, até porque se tornariam o público mais vulnerável, caso a campanha não atinja algum percentual elevado. Não se deve esquecer, segundo Reis, que as vacinas ajudaram a erradicar diversas doenças ou com a mortalidade sendo reduzida de forma drástica. Justo agora, que os imunizantes são tão urgentes, não tem sentido combatê-los à revelia da ciência.