O ataque à praça de pedágio

Ações de bandos que almejam grandes fortunas geralmente são organizadas para financiar planos mais ambiciosos

Por: Redação  -  22/10/21  -  06:39
  Foto: Divulgação/Polícia Militar

O ataque de uma quadrilha à praça de pedágio da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega, no Humaitá, em São Vicente, merece atenção redobrada e uma profunda investigação. O bando, na madrugada de terça-feira, ainda que em proporções menores, seguiu os moldes de uma ação de Araçatuba, no Interior, ocorrida em 30 de agosto, contra três agências bancárias, com explosões e reféns. Por outro lado, o crime em São Vicente pode ter sido o primeiro de atos a serem praticados em outros pedágios nas estradas concedidas do Estado ou em outras regiões do País. Por isso, as autoridades precisam atuar com a máxima firmeza para evitar que este caso sirva de exemplo para uma nova frente de roubos por quadrilhas perigosas, lembrando que há grande risco para usuários e funcionários das rodovias.


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Segundo a polícia, no crime de São Vicente, a quadrilha chegou de barco pelo Rio Casqueiro e teria fugido pelo mangue. Pelo menos cinco bandidos portavam fuzis, incendiando dois carros para dificultar a chegada da polícia. Eles também fizeram funcionários reféns e causaram três explosões. No fim, conseguiram levar R$ 170 mil do cofre, sem deixar feridos.


O armamento pesado e a coragem para roubar uma área sob esquema de segurança e com fácil acesso da polícia indicam uma capacidade de planejamento e hierarquia com bandidos experientes. Por isso, podem ter sido no mínimo inspirados por ações parecidas como a de Araçatuba, chamadas de “novo cangaço” por especialistas de segurança pública.


Ataques com bandos de muitos componentes e que almejam grandes fortunas – este não foi o desfecho na praça de pedágio – geralmente são organizados por facções para financiar planos cada vez mais audaciosos em múltiplas áreas de atuação e além das fronteiras, como o que já se vê com brasileiros no Paraguai e na Bolívia.


Além disso, ao longo das décadas, o avanço e a sofisticação da criminalidade, até para escapar da repressão policial, segue uma espécie de “moda” de determinadas práticas que depois acabam sendo trocadas por outras. Por exemplo, foi o caso da onda de sequestros de empresários e depois jogadores de futebol ou seus familiares. Ou ainda a explosão de caixas eletrônicos e o roubo a bancos de cidades pequenas desacostumadas com a violência dos grandes centros urbanos. Como essas ações ficam previsíveis e o modus operandi acaba sendo desvendado pela polícia, os bandidos mais organizados trocam seus alvos para agirem com facilidade.


Combater essas quadrilhas é tão importante quanto agir contra os pequenos crimes, até porque esses bandos acabam arregimentando nas cadeias, com facilidade, os jovens menos experientes. Com a disseminação de várias modalidades de crimes, a segurança pública depende de planos bem mais profundos, de longo prazo e sérios do que os prometidos costumeiramente nas campanhas eleitorais.


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