Imprudência, erros e o vírus avança

A própria readaptação do novo coronavírus é reflexo da demora para controlar a pandemia

Por: Da Redação  -  19/02/21  -  09:34

As aglomerações provam que parte da população tem sido imprudente no enfrentando à covid-19, mas os governos locais, que falham na fiscalização, e o Federal, desastroso na figura do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, deixaram o País chegar a um patamar perigoso de crise sanitária. Basta observar importantes dados, no caso, regionais. Três escolas públicas de Santos suspenderam as aulas de algumas salas devido a infecções, há mais de 100 mil infectados na Baixada Santista e a média móvel semanal de mortos na região voltou a subir - para oito óbitos. A situação é muito ruim, mesmo com o começo da vacinação contra o novo coronavírus, aliás a um ritmo abaixo do que a urgência da saúde exige.


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Nacionalmente, a situação é desesperadora com o exemplo de duas cidades. Manaus (AM) ainda registra número elevado de mortes - ontem foram 34 ocorridas nas últimas 24 horas, além de 47 confirmadas tardiamente. O que o impressiona é que o total de habitantes da capital amazonense e da Baixada Santista é bem parecido, por volta de 2 milhões de habitantes. Há ainda o drama de Araraquara, de contexto social bem mais favorável, situada no rico interior paulista, com o sistema de saúde em colapso. A cidade, de 238 mil habitantes, ontem registrou quatro óbitos, com 100% dos leitos de enfermaria e UTI ocupados. A escala da doença no município pode estar associada à nova variante com casos já identificados localmente.
As dificuldades para fazer um isolamento social eficiente, a maior parte pela imprudência das pessoas que se aglomeram nas festas do fim do ano ou continuam frequentando áreas com multidões, mas também no transporte público e com a própria necessidade de trabalhar, mantêm o ritmo acelerado de disseminação da doença em boa parte do País.


Há o agravante das mutações, uma forma do vírus lutar por sua perpetuação, mais agressivas e de rápida transmissão, como se vê no caso da variante de Manaus. A própria readaptação do coronavírus é reflexo da demora para controlar a pandemia. Enquanto a transmissão estiver em curso, com pessoas aglomeradas e infectados entre elas, a covid-19 mantém as condições para propagar suas variantes, que podem reduzir os efeitos das vacinas já em aplicação.


Assim como as vacinas trouxeram esperança, agora há um desânimo impregnado no ar com a insuficiência delas. A cada dia mais cidades interrompem a imunização por falta de doses. É verdade que em outros países, inclusive nas economias ricas da Europa, há muita queixa contra a dificuldade dos laboratórios para atender a demanda. Aqui, o problema é de gerenciamento. O presidente Jair Bolsonaro, por seu comportamento e falas recentes demonstra que não entendeu a importância dos imunizantes para derrotar a doença. Como há uma incrível pressão política pela população e pelas empresas por vacinas, o governo agora corre atrás do tempo perdido. O efeito imediato é o botox continuar em circulação matando e destruindo a economia.


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