Impactos no pós-pandemia

As perspectivas são ruins para a educação, pois o afastamento das salas de aula terá efeito econômico

Por: Redação  -  15/10/21  -  06:49
  Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

As análises do impacto econômico da pandemia no País se concentram no fechamento de empresas devido aos vários lockdowns. Entretanto, economistas apontam outras cicatrizes que podem atravessar os próximos anos, o que exige ações do gestor público e da sociedade para atenuá-las. Os principais pontos de influência são o nível de poupança, desigualdade-desemprego, endividamento, ensino e reglobalização, segundo reportagem de ontem do jornal Valor.


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O pior desses legados é o da desigualdade com desemprego da baixa renda. Conforme a FGV Social, a renda individual média está 9,4% inferior à de 2019, mas 21,5% menor se considerados apenas os 50% mais pobres do País. O alerta é de que a falta de trabalho em níveis elevados pode deixar de ser temporária e durar alguns anos. Como a recontratação ocorre com rendimentos reduzidos, a massa salarial encolhida desestimularia o consumo, lembrando que essa conta e não a dos investimentos é que move a economia brasileira. Assim, a redução do custo da mão de obra e programas trabalhistas são ferramentas que o governo deverá mirar de forma estratégica.


Como consequência do empobrecimento, 74% das famílias estão endividadas, frente 65% no ano passado, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). São pessoas que tomam crédito para pagar no fim do mês despesas básicas, como luz, transporte e alimentação. Mas entre as famílias, 25,5% atrasam o pagamento ou estão inadimplentes. Portanto, é fundamental estimular a geração de emprego. Para resultados objetivos, faltam mais renegociações para evitar o calote em série.


Já a formação de poupança na pandemia, sustentada pela redução dos gastos de lazer e alimentação fora de casa, pode se dividir entre os recursos que serão canalizados para o consumo ou a precaução, quando se guarda dinheiro por medo. A incerteza tem fundo psicológico, mas uma retomada mais firme pode trazer a confiança de volta.


Segundo especialistas, as perspectivas são ruins para a educação, pois o afastamento das salas de aula terá efeito econômico – o reflexo será um salário mais baixo daqui alguns anos devido ao aprendizado prejudicado. O economista Marcelo Neri, do FGV Social, explicou ao Valor que adolescentes estão acostumados à internet e se adaptaram melhor ao ensino remoto. Já as crianças não – elas dependem mais de um tutor.


Outro efeito da pandemia é a reversão da globalização, com economias ricas tentando recriar cadeias industriais em seu território para não dependerem da China. É mais provável um meio termo, com países alternativos suprindo esses mercados ao invés de apenas o gigante asiático. O Brasil poderia até aproveitar essa tendência, mas Vietnã e Tailândia têm vantagens, como o baixo custo. O Brasil precisa reduzir seus custos, centrar na qualidade da educação e gerar empregos para os mais pobres.


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