Furtos de Vacinas

A população e governantes sérios já têm problemas demais para administrar e mortes para evitar

Por: Da Redação  -  01/02/21  -  09:52
Atualizado em 01/02/21 - 09:54

Quando da chegada da primeira leva de vacinas CoronaVac na Baixada Santista, no último dia 19, via-se o aparato de segurança, com policiais militares na escolta. O mesmo ocorreu em outros municípios do Estado e do País. Percebe-se, agora, que não era exagero. O País assiste, no noticiário, informações quase que diárias sobre furtos de doses do imunizante. Não se sabe exatamente quem são os autores de tamanho absurdo, o que caberá à investigação policial.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Furtos, roubos e outros tipos de crime são condenáveis e sujeitos às sanções da lei. Agora é de ficar particularmente espantado com a ousadia e crueldade de quem pratica atos como estes, de surrupiar doses da tão aguardada vacina contra a covid-19. O objetivo, percebe-se, não é de guardar para si ou aos que lhe são próximos, numa espécie de salvação para entes queridos, mas de fazer dinheiro fácil, como pressupõe o mundo do crime, com um produto capaz de salvar vidas. Neste contexto, inicialmente, as doses são contadas para públicos mais vulneráveis à doença.


Infelizmente, a atitude dos bandidos não acontece apenas no Brasil. Nos Estados Unidos, um médico foi demitido de uma função pública depois de furtar uma caixa com nove doses de vacina em um condado do Texas. Sua defesa argumentou o temor da perda de validade do imunizante. Não foi aceita.


Se nem as agruras que o mundo vive desde o início do ano passado, ou as cenas desesperadoras como as de Manaus, as mortes em cifras assustadoras ou ainda as expectativas sobre quando virão novas doses do imunizante são capazes de sensibilizar os criminosos, o que será então? A cada dia, a pandemia do novo coronavírus nos coloca diante de novíssimas situações. O cotidiano de cidades, estados e países mostra como as estratégias mudam de acordo com os números que surgem à frente (leitos disponíveis, internações e mortes).


O mundo está tendo que lidar com o fenômeno viral às pressas. São preocupações extraordinárias que surgem pelo caminho, já bastante espinhoso em outros fronts. O caso da Educação, que gerou embates jurídicos sobre a retomada ou não das aulas presenciais, é um exemplo. O Governo do Estado de São Paulo já possuía um calendário definido para a volta das atividades em classe, a partir do dia 8 deste mês. Uma liminar, porém, proibiu o Palácio dos Bandeirantes de conduzir a empreitada. O governo paulista recorreu, e, um dia depois, obteve a cassação da liminar. Enfim, o episódio serve para demonstrar que, enquanto a sociedade ainda tenta equacionar situações do dia a dia, malfeitores se aproveitam de eventuais vulnerabilidades da crise sanitária.


A população e governantes sérios já têm problemas demais para administrar e mortes para evitar. Que se leve a efeito uma profunda investigação sobre os furtos de vacina e quem estaria colaborando com tais práticas, inaceitáveis sob qualquer hipótese. Uma vez descobertos, que haja punição exemplar, já que o sofrimento humano foi incapaz de sensibilizá-los.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter