Estratégia para gerar emprego

Os números do desemprego no País são tão assustadores que fica difícil notar a melhora ocorrida no fim de 2020

Por: Da Redação  -  28/02/21  -  08:50

O quadro do desemprego, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chegou a recuar no fim do ano passado e o governo até deu declarações empolgadas, mas a realidade é que a recuperação do trabalho é muito lenta. Na verdade, os números são tão assustadores que fica difícil notar alguma melhora. Portanto, o Ministério da Economia precisa suspender os autoelogios com dados que sinalizam alguma reação e trabalhar pelo gigantesco contingente de brasileiros sem emprego - são quase 14 milhões nessa condição e, se considerados os desalentados (quem desiste de procurar vagas por achar que elas não existem) e subempregados, a quantidade bate em 32 milhões. Frente a esse desafio extremo, a equipe econômica deve atuar em diversas frentes. Desde reduzir o custo da mão de obra via desburocratização e desoneração da folha, tarefa há muito prometida e até agora descumprida pelo ministro Paulo Guedes, até oferecer cursos de capacitação para profissionais defasados e abrir crédito para gerar postos de trabalho.


Os orçamentos da União e dos demais governos estão bem limitados, mas é preciso fazer remanejamentos para evitar que o quadro atual persista. Se as atuais estatísticas continuarem no ritmo fraco dos últimos meses, haverá uma situação de baixo consumo, o que trava as engrenagens da economia.


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De acordo com o IBGE, no trimestre encerrado em novembro, o índice geral de desemprego era de 14,1%, caindo para 13,9% na conta até dezembro. Entretanto, para entender a deterioração do mercado, basta observar que um ano antes (dezembro de 2019), eram 11,9%. Naquela época, a economia já patinava e se suspeitava que o País ficaria estagnado ou entraria em recessão, mas o efeito da pandemia foi avassalador. Tanto que o setor mais atingido, o comércio, cortou 1,7 milhão de vagas.


Um breve mergulho nos dados permite concordar com os economistas especializados no mercado de trabalho que esta crise atual foi cruel com os profissionais de menor remuneração. Muitos deles são informais e perderam suas ocupações com a queda da renda dos formais que os empregavam. No segmento de serviços domésticos, foram 1,198 milhão de vagas fechadas. Conforme os analistas não é comum o desemprego crescer entre os informais – os trabalhadores com carteira costumam migrar para a informalidade quando há crise econômica. Desta vez, essa opção foi sacrificada.
Por isso, a volta do auxílio emergencial precisa se consumar logo como apoio aos mais pobres. Entretanto, o governo se perdeu em uma morosa discussão desde os últimos meses de 2020 sobre concedê-lo ou não. Impressiona a forma como a equipe de Jair Bolsonaro se arrasta para tomar decisões, lembrando que o mesmo ocorreu em relação à busca de vacinas. A imunização também é estratégica para o emprego como forma de atrair o consumidor de voltar para as compras.


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