O levantamento feito pela confederação e tornado público acontece duas semanas depois da divulgação dos dados sobre insegurança alimentar no País, o que mostrou que a fome no Brasil voltou a patamares registrados pela última vez nos anos 90, contabilizando mais de 33 milhões de pessoas que não têm o que comer, 14 milhões a mais do que em 2021.
Os dados preocupam não apenas porque representam um crescimento exponencial do total de famílias que passam fome, como também pela falta de perspectiva de que o cenário econômico melhore o suficiente para ampliar o contingente assistido. A Confederação Nacional de Municípios reclama da falta de transparência por parte do governo, que não deixa claro o cronograma de atendimento à crescente fila do programa.
Há uma queixa, também, sobre as regras do programa, diferentes do que vigorava anteriormente, quando do Bolsa Família. No Auxílio Brasil, o valor fixo do auxílio é de R$ 400,00, independentemente do tamanho da família. Ou seja, quem mora sozinho e se encaixa nos pré-requisitos recebe o mesmo que uma família de quatro ou seis pessoas. Essa é uma deficiência grave, que só faz diminuir a chance de zerar a fila de espera.
Prefeitos se queixam, com razão, que são a ponta dessa cadeia, onde deságuam todos os problemas decorrentes da miséria. Mas esse é um cenário que está exposto nas grandes e médias cidades, com famílias inteiras vivendo em situação de rua. Se é verdade que parte desse contingente é formado por pessoas envolvidas com o consumo de álcool e drogas - e, portanto, precisam de outros serviços públicos - também é fato que outra parte é formada por desempregados durante a pandemia, que precisaram levar suas famílias para a miséria extrema das ruas.