Crimes físicos com dinheiro on-line

Preservação da vida é mais importante que qualquer tecnologia, mas autoridades não podem ceder à audácia dos bandidos

Por: Redação  -  22/01/22  -  07:15
  Foto: Freepik

O aumento dos casos de sequestro relâmpago de homens que marcam encontros por aplicativos de namoro ou nas principais redes sociais é um reflexo da digitalização dos cidadãos. Não só pelo meio de aproximação, mas também porque o objetivo é extorquir dinheiro de forma virtual.


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Assim, com a tecnologia, os bandidos não precisam se aproximar das vítimas nas ruas e se expor ao policiamento. Por outro lado, a manipulação de apps de bancos e de outros meios de pagamento, principalmente o Pix, dispensa o dinheiro em espécie. Mas as quadrilhas também necessitam cooptar laranjas para a abertura de contas que receberão os recursos extorquidos.


É um rastro importante que a polícia pode utilizar para caçar os criminosos. Entretanto, há uma necessidade de capacitação e montagem de equipes especializadas nas táticas dessas quadrilhas, que usam da ameaça da agressão física para acessar contas digitais.


Segundo a reportagem do Estadão Conteúdo publicada ontem em A Tribuna, os criminosos criam perfis falsos em sites de namoro com fotos de mulheres atraentes. Na paquera virtual, os bandidos tentam extrair informações sobre o patrimônio da potencial vítima, o que já indica uma necessidade de conscientização no uso de redes sociais ou apps de namoro: deve-se evitar exposição de bens e o relato de uma vida profissional que possa indicar alto poder aquisitivo.


O crime se configura com um encontro físico com a vítima, que é cercada por bandidos armados e ameaçada a dar senhas e fazer transferências eletrônicas de dinheiro. O Pix se tornou uma ferramenta importante para facilitar o roubo, mas segundo a polícia paulistana, os bandidos usam todos os serviços bancários digitais possíveis, como TEDs e boletos bancários, além do antigo crime da compra com o cartão de crédito.


Para combater esses crimes, há propostas que sugerem até suspender de vez o Pix. Se isso for feito, os bandidos vão tentar acessar outros meios digitais e seria necessário chegar ao ponto de acabar com as outras operações feitas pelo celular.


Os meios on-line realmente trazem riscos, mas é fundamental que as investigações mirem as quadrilhas que mesclam crimes físicos e digitais (os hackers são exclusivamente on-line). A Polícia afirma na reportagem ter desbaratado várias delas e detido mais de 100 criminosos. Mas também é preciso orientar os cidadãos sobre como aumentar a segurança com os celulares e ainda questionar as instituições financeiras sobre os artifícios tecnológicos que podem ser empregados para coibir os bandidos.


O grande desafio é impedir que o crime se beneficie das operações em tempo real, que pela agilidade permitem transferir recursos sem o risco de ser identificado pela polícia pelo menos no curtíssimo prazo. A preservação da vida é infinitamente mais importante que qualquer tecnologia, mas as autoridades também não podem ceder à audácia dos bandidos.


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