Condições perfeitas para o vírus

A redução de danos depende de um Governo Federal mais focado, mas estados e municípios têm grande responsabilidade

Por: Da Redação  -  27/02/21  -  09:30

Depois de exato um ano do primeiro caso de covid-19 no País, na quinta-feira o Brasil bateu recorde diário de mortes, com 1.582 registros. Neste período, quase não foi possível diferenciar uma onda da outra porque a disseminação da doença se manteve elevada. O principal reflexo do fracasso dos governos de conter o novo coronavírus - em especial o Federal com sua inoperante e desastrada estratégia de compra de vacinas - é que agora há um perfeito quadro para o avanço de variantes mais agressivas e de rápida contaminação. Agora, a redução de danos depende de um Governo Federal mais focado, por mais que estados e municípios tenham também grande responsabilidade. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro viaja pelo País de olho na reeleição, dando o mau exemplo da aglomeração e minimizando a gravidade do momento, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, segue inábil com uma pasta como uma nau a deriva. A pandemia impõe mais responsabilidade e dedicação do poder central.


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Hoje há uma ocupação quase instantânea de leitos de enfermaria e UTIs e o risco de se repetir o casos verificados em Manaus, de mortes por asfixia por falta de oxigênio ou mesmo de cilindros para envazá-lo (o custo do artefato disparou mais que o do gás). Teme-se pelas pequenas cidades, principalmente as mais afastadas dos grandes centros devido à carência de materiais, instalações hospitalares e profissionais de saúde.


Dados do Observatório Covid-19 da Fiocruz mostram um quadro muito grave do País. Nenhum estado apresenta tendência de queda de casos e morte por covid-19. A incidência diária de infecções atingiu a média de 46 mil registros, o maior nível desde o início da pandemia, e a ocupação de enfermarias e UTIs está acima de 80% em 17 capitais. Segundo infectologistas, os pacientes estão ficando internados por períodos cada vez maiores, o que retarda a desocupação dos leitos. Portanto, há condições desfavoráveis ao enfrentamento da covid-19, desde a recuperação dos doentes em uma estrutura médica saturada - próxima de ou em colapso em algumas regiões, como Araraquara - até uma vacinação emperrada por uma contratação tardia pelo governo. Já as medidas de lockdown mal geridas completam o ambiente perfeito para o coronavírus se perpetuar e sofrer mutação.


Estados como São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul optaram pelo fechamento, com graus de rigor ou horários diferentes, enquanto o Palácio do Planalto reclama da interrupção da atividade econômica sem apontar caminhos (de comprovação científica) para resolver a crise sanitária. O ideal seria todos se reunirem. Na Bahia o governador petista Rui Costa e o prefeito do DEM, Bruno Reis, adversários políticos, anunciam de forma conjunta as medidas locais. Porém, disputas pré-2022 sacrificam o combate conjunto no âmbito federal, o que impõe pesados custos, inclusive com a continuidade do elevado número de mortes diárias.


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