Brasil a passos mais curtos

Os desafios são imensos e quanto mais Congresso e governo postergarem suas decisões, mais o país vai demorar a reagir

Por: Redação  -  14/10/21  -  06:55
 Expectativa para a economia brasileira tende a ser desanimadora
Expectativa para a economia brasileira tende a ser desanimadora   Foto: Divulgação

A expectativa desanimadora para o crescimento da economia brasileira, no próximo ano, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de 1,5%, deveria ser motivo para Executivo e Legislativo unirem forças e acelerarem propostas em tramitação no Congresso importantes para estimular o emprego e o consumo. É o caso da reforma tributária, que precisa ser votada agora para valer em 2022. Há ainda o caso dos precatórios, as dívidas judiciais a serem pagas pela União também em 2022, estimadas em R$ 89 bilhões, em proporções suficientes para impedir gastos públicos essenciais para a população. Entre eles, está o aumento do Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família), tão almejado pelo Palácio do Planalto, que aposta nesta medida todas as fichas para angariar popularidade na baixa renda, reduto lulista. Aliás, esse viés eleitoral incomoda o mercado financeiro, que vê risco fiscal na medida, com mais combustível para incendiar as taxas de juros. Entretanto, o Palácio e sua base no Congresso precisam se entender com os poderosos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado (Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e chegar a uma solução política que não derrube os já frágeis indicadores econômicos.


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O FMI reduziu sua projeção do crescimento do Brasil no próximo ano, de 1,9% para 1,5%, o que, aliás, não surpreendeu. Os economistas dos bancos privados, há alguns meses, apostavam em PIB acima de 2%, mas no mês passado passaram a esperar 1,72% – nesta semana, reduziram para 1,54%.


Deve-se lamentar a estimativa mais em conta, pois um crescimento mais moderado também reduz o ritmo do recuo do desemprego e do endividamento das famílias e das empresas. Para este ano, a expansão esperada para o Produto Interno Bruto (PIB) continua na casa dos 5%, mas se trata de um efeito estatístico, pois o cálculo é feito sobre 2020, ano de baixíssima rotatividade devido aos fechamentos da economia.


Entretanto, este último trimestre ainda merece ser acompanhado com alguma esperança, pois poderia ditar um ritmo de recuperação mais aquecido no começo de 2022. A conjuntura, porém, não é nada animadora. Há o suspense da crise hídrica – em outubro, a intensidade das chuvas melhorou, mas há alguns especialistas que acham que o próximo mês será mais seco. Além disso, a inflação resiste a cair mais aceleradamente, o que é ruim, pois os juros continuarão altos por mais tempo para domá-la e até vão subir mais, dos atuais 6,25% ao ano para perto de 10% em 2022. Outro sinal preocupante é o do dólar, que está em patamar elevado, tanto pelo risco fiscal interno como os sinais externos de desaceleração. A inflação se tornou um problema mundial e a China deve crescer menos, o que reduz o fluxo de dólares para o Brasil. Portanto, os desafios são imensos e quanto mais o Congresso e o governo postergarem suas decisões, mais a economia vai demorar a reagir.


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