A disparada do comércio on-line

O ensino profissionalizante público e privado deverá se adequar às novas necessidades do mercado

Por: Redação  -  18/10/21  -  06:42
  A digitalização do varejo gera o impacto social no mercado dos vendedores
A digitalização do varejo gera o impacto social no mercado dos vendedores   Foto: Pexels/ Pixabay

No ano passado, antes do começo da pandemia, a cada R$ 100,00 vendidos pelo comércio varejista brasileiro, R$ 9,20 ocorriam no meio on-line. Após quatro meses de crise sanitária, a proporção subiu para R$ 19,80, reflexo da reação do comércio físico ao fechamento durante a quarentena. Entretanto, mesmo com a reabertura, ainda que intercalada com alguns lockdowns, o volume comercializado em sites, aplicativos e WhatsApp subiu para R$ 21,20, segundo a Sondagem do Comércio, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo. Ainda que o virtual possa até perder alguma participação em relação às vendas físicas conforme o avanço da vacinação propicia a retomada, dificilmente o consumo voltará aos padrões pré-pandemia. Mas a mudança com o e-commerce atingida até agora terá reflexos na oferta de emprego do setor e na relação com prestadores de serviços e a própria indústria.


Outra parte da pesquisa da FGV revela que não há dúvidas sobre a robustez do e-commerce. Dos lojistas entrevistados, metade não fazia vendas digitais antes da pandemia. Agora são 80% os que trabalham com o meio virtual. O mais interessante é que esses empreendedores precisaram adaptar a tecnologia aos serviços mais banais de suas atividades, como entrega e troca. Alguns investiram mais no uso intuitivo e simplificado do WhatsApp, enquanto outros criaram aplicativos próprios ou aderiram aos apps que funcionam como shopping, os marketplaces. Estes abrigam várias lojas em um só portal, multiplicando as opções ao consumidor. A adesão, que inicialmente foi por sobrevivência, pois havia a restrição das regras sanitárias, persiste por duas vantagens óbvias – a redução dos custos e a exposição a um clientela que não está mais restrita a um bairro ou cidade.


Porém, a digitalização do varejo gera o impacto social no mercado dos vendedores. A categoria não vai sumir totalmente, até porque em alguns segmentos do varejo a transição não será total, como supermercados e vestuário (ainda que também usem aplicativos), mas parte da mão de obra será canalizada para depósitos cada vez maiores. Também está evidente que os trabalhadores precisam ser capacitados rapidamente para funções tecnológicas – de alta, média e baixa complexidade. Por isso, o ensino público e privado profissionalizante deverá se adequar às novas necessidades do mercado.


O que tem sido visto nos Estados Unidos, mesmo antes da pandemia, é que a digitalização destruiu pequenos comércios e esvaziou shoppings. No Brasil, segundo consultores, esses centros de consumo ainda são viáveis por serem usados para lazer ou por questão de segurança. No caso dos pequenos lojistas, eles devem precisar de mais crédito para investir em tecnologia. É possível que o jogo de cintura, condição de sobrevivência há muito necessária em um Brasil imprevisível, ajudará o varejo de menor porte a se adaptar ao digital.


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