Europa, França e Bahia

Confira as dicas, ou teste o seu português

Por: Dad Squarisi  -  25/06/23  -  06:38
  Foto: Divulgação

Recado

“A água que não corre forma um pântano. A mente que não pensa forma um tolo.” - Victor Hugo


O que Lula mais gosta de fazer? Sem dúvida é bater asas e voar. Ele não tem limites nem restrições. Percorre o Brasil e o exterior com alegria e desenvoltura. Na mais recente viagem, visitou a Itália, a França e o Vaticano.


Antes de ir ao Velho Continente, pousou no Pará. Belém vai sediar a COP 30, conferência da ONU sobre o clima, que será realizada em 2025. Lá, o presidente aproveitou para alfinetar o antecessor: “Foram gastos R$ 300 milhões para que Bolsonaro continuasse governando esse País”. Referia-se a desonerações, isenções e distribuição de dinheiro.


Verdade? Delírio? Há que apurar. Enquanto se investiga, vale observar uma marca do discurso de Lula. Ao se referir ao Brasil, ele não diz Brasil. Diz “esse País”. Tropeça no emprego do pronome demonstrativo.


Este, esse ou aquele?

O trio dá nó em fumaça. Arisco, não se deixa captar com facilidade. Quando empregar um? Quando dar a vez a outro? Por sorte, o papel deles é bem definido. Eles são parecidos, mas não iguais. Versáteis, têm três empregos.


Pessoas do discurso

Para entender o primeiro emprego, lembre-se das pessoas do discurso. Discurso, aí, significa conversa. Quem toma parte de um bate-papo? Três seres. Um fala, um escuta e o assunto, que é a pessoa de que se fala


Imagine que Michel telefone para Rodrigo e lhe pergunte se acompanhou o encontro de Lula com o papa. No caso, Michel fala. É a 1ª pessoa. Rodrigo escuta. é a 2ª.Do que eles falam? Do encontro de Lula com o papa. É a 3ª.


1. Situação no espaço

Os demonstrativos se prestam a papel para lá de importante. Indicam se o ser está perto da 1ª, 2ª ou longe de ambas. Veja:


Este: diz que o objeto está perto da pessoa que fala (eu, nós): esta sala, este livro, este celular (a sala, o livro e o celular estão perto da pessoa que fala ou escreve).


É nesse emprego que Lula tropeçou. Ele está no País a que se refere. É a vez do este: Foram gastos R$ 300 milhões para que Bolsonaro continuasse governando este País”.


Esse: informa que o objeto está perto da pessoa com quem se fala (você, tu): essa sala (a sala onde está a pessoa com quem falamos ou a quem escrevemos), esse livro (o livro está perto da 2ª, essa instituição (a instituição em que o leitor está).


Aquele: diz que o objeto está longe da pessoa que fala e da pessoa com quem se fala: aquele quadro (o quadro está longe das duas pessoas), aquele cartaz, aquela torre.


2. Situação no tempo

Este: tempo presente: esta semana (a semana em curso), este mês (junho, mês em curso), este ano (2023, ano em curso)


Esse / aquele: tempo passado (esse: passado próximo; aquele: passado remoto): Estive em Roma em 1992. Nesse (naquele) ano, conheci o Museu do Vaticano.


Nó nos miolos

Como saber se o passado é próximo ou remoto? Depende de cada um. O tempo é psicológico. Uma hora com dor de dente é uma eternidade. Se for à noite, nem se fala. São duas eternidades.


3. Situação no texto

Eta emprego ardiloso! Para desviar-se da cilada, lembre-se de pormenor pra lá de importante. Texto, no caso, significa mensagem escrita ou falada. A palavra ou frase foi referida? Então é a vez do esse. Será referida? O este pede passagem. Veja as manhas:


Este: exprime referência posterior (anuncia-se o fato que será referido depois): Lula tropeçou nesta frase: “Foram gastos R$ 300 milhões para que Bolsonaro continuasse governando esse País”.


Reparou? A frase é anunciada: “disse esta frase”. Depois, expressa.


Esse: referência posterior (o fato é referido antes; depois, retomado): “Foram gastos R$ 300 milhões para que Bolsonaro continuasse governando esse País”. Essa afirmação foi feita pelo presidente Lula em Belém do Pará.


Leitor pergunta

Câmara ou câmera? Confundo sempre. -Maria Neves, Viamão


Os deputados federais se reúnem na Câmara dos Deputados. Os estaduais, nas assembleias legislativas. Os da capital da República, na Câmara Legislativa. Na acepção de instrumentos que captam imagens, valem as duas grafias – câmara e câmera: câmara fotográfica, câmera fotográfica.


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