Vacinação de crianças: acelerar o calendário é preciso!

O Ministério da Saúde encaminhou um lote inicial com apenas 234 mil doses de vacina da Pfizer

Por: Caio França  -  19/01/22  -  07:56
  Foto: Myke Sena/MS

A campanha de vacinação contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos de idade teve início na última segunda-feira, dia 17, em São Paulo. A primeira fase que se estende até o dia 10 de fevereiro contemplará crianças com comorbidades e deficiências, indígenas ou quilombolas.


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Até o momento, o Ministério da Saúde encaminhou um lote inicial com apenas 234 mil doses de vacina da Pfizer para a Secretaria Estadual de Saúde. A quantidade é muito pequena já que nessa etapa o Estado prevê vacinar 850 mil crianças. Com o avanço da Ômicron, variante que vem demonstrando o seu potencial de propagação desde o início de janeiro, aumenta a angústia de mães e pais para que os filhos sejam imunizados o quanto antes, especialmente em razão do início do ano letivo.


A previsão é de que as crianças sejam vacinadas no curso do primeiro trimestre do ano, após o início das aulas, em razão da demora nas decisões que envolveram a vacinação infantil por parte do governo federal. A expectativa é que o Estado consiga imunizar 4,3 milhões de crianças num intervalo de três semanas. Todos os 645 municípios do estado devem seguir as recomendações do Plano Estadual de Imunização quanto a ordem de priorização dos grupos.


Há um ano, quando iniciávamos a vacinação de adultos, lembro de ter feito uma live com o infectologista Evaldo Stanislau e representantes da rede municipal de ensino de São Vicente para esclarecer dúvidas, trocar informações e métodos que pudessem diminuir a circulação do vírus no ambiente escolar com a retomada presencial das aulas.


Com a chegada da segunda onda da pandemia no início de 2021, o retorno obrigatório acabou ocorrendo apenas no fim do ano passado na rede pública de ensino paulista, com algumas pequenas variações de calendário nas redes municipal e privada.


O fato é que os efeitos da pandemia na educação serão sentidos por um longo tempo ainda, portanto, considero lamentável entrar no segundo ano de pandemia sem vacinar as nossas crianças. Mais lamentável ainda o cenário de desinformação nas plataformas de comunicação, o contexto político-eleitoral, as teorias da conspiração e negacionismo que envolvem a Covid-19 e a vacinação.


É preciso direcionar todos os esforços na vacinação em massa de nossas crianças. Ainda que elas não integrem o grupo de risco da Covid-19, entendo que este é um assunto que precisa ser superado para que possamos avançar e atuar diretamente sobre esse déficit educacional. O comprometimento da aprendizagem durante este período já foi demonstrado em inúmeras pesquisas.


Recente relatório divulgado pela Unesco, Banco Mundial e Unicef, denominado The State of the Global Education Crisis: A Path to Recovery (O Estado da Crise Global da Educação: Um caminho para a recuperação) aponta como consequência do fechamento de escolas devido à pandemia, em países de rendas baixa e média, que a proporção de crianças que vivem em Learning Poverty (Pobreza de Aprendizagem) – cujo percentual já era de 53% antes da pandemia – pode chegar a 70%, em função do longo períodos de fechamento de escolas e a ineficácia do ensino à distância.


Na Assembleia Legislativa de São Paulo, como membro da Comissão de Saúde da Alesp vou solicitar uma reunião com a presença do secretário Estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, de maneira que ele possa ajudar a esclarecer sobre como se dará o planejamento e o abastecimento das vacinas pediátricas no combate à Covid-19 nos municípios do estado, e questionar sobre a tramitação da análise da Coronavac junto à Anvisa. Enviei ainda um ofício direcionado para o Ministério da Saúde solicitando agilidade na distribuição das vacinas.


Diante da necessidade de continuar priorizando a saúde, no orçamento de 2022, direcionei cerca de R$ 3,3 milhões em emendas impositivas para a área. Ao lado dos demais colegas parlamentares, direcionamos recursos para finalmente atingir a imunização de toda a população paulista. Para este ano, foram destinados R$ 12,6 milhões para a vacinação no Estado. Além disso, o Parlamento Paulista destinou R$ 96 milhões para a manutenção da segurança da saúde e proteção da população.


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