Diante do aumento dos casos de contaminação da Covid-19 em todo o estado de São Paulo, o governo estadual anunciou o recuo da fase verde para a amarela pelo Plano SP nas principais regiões, no último dia 30 de novembro. Dessa forma, bares, restaurantes e comércio em geral se viram novamente diante do desafio de restringir o horário de funcionamento dos estabelecimentos.
Diferente de outros momentos, os comerciantes alegam que tal medida torna-se impraticável. Em sua defesa, eles alegam que com ou sem restrição, as pessoas estão saindo às ruas em razão das férias escolares e das compras de Natal e que o horário reduzido só servirá para aglomerar ainda mais as pessoas nesta época do ano, ampliando os riscos e o aumento do contágio.
Outro argumento é de que não conseguem mais manter os custos de aluguel, funcionários, fornecedores e tributos funcionando parcialmente, tendo em vista o prejuízo acumulado nos últimos meses. Vamos recordar que a pandemia se arrasta há 9 meses e que neste período muitas pessoas perderam o emprego, pequenos e médios comerciantes faliram e a situação ficou insustentável.
Diante da resistência em aceitar a nova determinação do governador João Doria (PSDB), face aos motivos expostos, fui procurado pelo movimento “Não deixe essa porta fechar” que reúne diversos estabelecimentos e visa uma mobilização contra a restrição de horários nos comércios da Região Metropolitana da Baixada Santista.
Levei este pleito ao presidente do Condesb, prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) que concordou com o nosso pedido e se comprometeu em ajudar. Também acompanhei a posição do respeitado médico infectologista Dr. Marcos Caseiro, que tecnicamente demonstrou que temos razão em reivindicar a extensão do horário. Dessa forma, encaminhei o pedido de revisão ao governo estadual solicitando a ampliação do horário de funcionamento dos comércios, mediante redução da capacidade de atendimento e maior rigor na fiscalização. As cidades vizinhas como São Vicente, Praia Grande, Bertioga, além de outras do interior e da Grande SP também são contrárias às medidas de restrição. O governo estadual ainda não se pronunciou a respeito.
Entendo que ninguém está privilegiando a economia em detrimento da vida. É evidente que a pandemia continua assustando. De toda forma não há imprudência por parte dos gestores públicos nesta medida até porque não existe comprovação científica de que a redução do horário ajude no combate ao coronavírus. Esta é apenas uma medida estratégica para justamente oferecer mais segurança para quem tiver que sair de casa. O trabalho de conscientização e fiscalização continuarão sendo feitos e intensificados, mas diante do aceno da população quanto à sua necessidade de sair de casa por motivos diversos e particulares, cabe ao poder público também interpretar esse recado e agir.
Fingir que não estamos vendo a população aos poucos ir retomando a sua rotina beira a hipocrisia. Poderíamos ficar o dia inteiro discutindo se isto é certo ou errado, se é o momento certo para isto ou não, o fato é que as pessoas estão indo às ruas, algumas por necessidade, outras nem tanto, fenômeno descrito pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como ‘fadiga pandêmica’.
Se a mensagem do ‘fique em casa’ perdeu força, precisamos encontrar novas formas de comunicação e novas estratégias que possam preservar ao máximo a vida das pessoas. A ampliação do horário de funcionamento dos comércios em geral é uma delas e não o contrário.