Mirando na representatividade, The Chair comete falhas e cede a clichês

Estrelado por Sandra Oh, série tinha premissa interessante, mas perde o foco social e cai em estereótipos

Por: Bia Viana  -  11/09/21  -  09:44
 Elenco feminino tem pouco espaço para explorar suas histórias e acaba com desfechos apagados
Elenco feminino tem pouco espaço para explorar suas histórias e acaba com desfechos apagados   Foto: Divulgação

A icônica Sandra Oh protagoniza The Chair, nova série Netflix que transporta a dinâmica sitcom para o corpo docente de uma universidade americana. Marcando a estreia de Amanda Peet, atriz conhecida por comédias românticas como De Repente, Amor, como roteirista e produtora, a série é ambiciosa, mas perde muitas oportunidades no caminho e se distancia do humor crítico que aspira.


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A trama segue Ji-Yoon (Sandra Oh), primeira mulher a assumir o cargo de diretora de uma renomada universidade, que além dos desafios de comandar uma instituição em crise, tenta equilibrar sua vida pessoal e amorosa como mãe solo. Mesmo com uma premissa empoderada, a produção consegue ceder a clichês para ambos os lados, pendendo tanto para o estereótipo da “guerreira solitária” como a romântica que abandona seus princípios por amor.


Várias premissas interessantes ficam em aberto: a oportunidade de questionar a discriminação de gênero em diferentes perspectivas e nichos sociais, as vaidades do círculo acadêmico, a realidade da jornada dupla, representatividade, multiculturalidade, saúde mental, luto, entre muitas outras. Porém, com apenas seis episódios de 30 minutos, era impossível condensar tantos tópicos relevantes, o que infelizmente condiciona a série às caricaturas e lampejos de discussões relevantes em meio a conflitos pouco amarrados.


Essa vontade de “abraçar o mundo” dificulta nossa identificação com a série, mas duas personagens conseguem fazê-lo: Sandra Oh, que traz seu repertório assertivo de séries como Grey’s Anatomy e Killing Eve para mais uma personagem charmosa e interessante; e Holland Taylor, que aproveita seus poucos minutos de tela para uma performance divertida e fora da caixa.


Com o desfecho, perde-se o eixo principal da trama e toda sua estrutura base desmorona. A mensagem acaba se invertendo, e mesmo que traga alguns momentos divertidos, The Chair acaba resumida a conflitos rasos e personagens caricatos. Mesmo que tivesse boas intenções, o programa pode decepcionar aqueles que buscarem uma história interessante, indo pouco além do carisma de sua protagonista e algumas tiradas bem humoradas.


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