Terceira temporada de 'Você' lembra universo de Hitchcock

Casal no limite da obsessão, e com filho recém-nascido, tenta resgatar o casamento e seus segredos mais sombrios

Por: Bia Viana  -  23/10/21  -  06:35
Atualizado em 23/10/21 - 08:16
 Terceira temporada de Você já está disponível no streaming
Terceira temporada de Você já está disponível no streaming   Foto: Divulgação

Se o universo de Psicose, clássico de Alfred Hitchcock, pudesse ser reimaginado como uma comédia dark entre um casal do subúrbio que vive no limite da obsessão, estaríamos perto do cenário apresentado na terceira temporada de Você. Claramente, a produção da Netflix não equivale em gênero ou grau ao grande sucesso dos anos 1960, porém, sua nítida influência na trama conturbada entre Norman Bates e sua mãe é inegável e incrivelmente interessante.


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Desde sua primeira temporada, Você já tinha se provado um sucesso na plataforma. A trama inicial traz Joe Goldberg (Penn Badgley), um bibliotecário misterioso que é obcecado por consertos: ele é perito na reconstrução de livros antigos, e também em se apaixonar por garotas “que precisam ser consertadas”.


Entre obsessões fatais, Joe chega ao limite com várias mulheres. Quando conhece Love Quinn (Victoria Pedretti), ainda na segunda temporada, o jogo muda, pois ele encontrou uma adversária à altura. Na terceira temporada, acompanhamos a jornada dessa dupla fatal entre o filho recém-nascido, tentativas de resgatar o casamento e seus segredos sombrios.


O jogo de sedução fatal, misto ao suspense constante e aos toques sombrios de comédia, torna Você uma opção realmente atraente de entretenimento. Nessa fase, temos flashbacks que ajudam a entender o passado de Joe e os fantasmas que o assombram. Entretanto, quanto mais próximo ele chega de tentar entender a si e à esposa, Joe vai chegando perto de um abismo.


Na tentativa de superar o grande final de sua primeira temporada, a série alavanca o número de plots e tenta chocar a cada momento, tornando seus protagonistas em barris de pólvora cada vez mais imprevisíveis. A falta de foco é perdoável pelas boas atuações de Penn e Victoria, que convencem com uma química imprescindível para a série funcionar. Somam-se coadjuvantes interessantes, um contexto imprevisível e múltiplos plot-twists. A graça da série está em dar crédito ao absurdo e se deixar levar — por mais insanos que pareçam, os conflitos são críveis em seu universo surreal. Até um "recado claro" aos anti-vacinas, considerando um universo pós-pandêmico em sua narrativa, não podia faltar.


A nova rotina, mesmo que confusa, consegue manter o interesse pelo futuro da série. Para manter a trama do serial killer convincente, o desfecho da terceira temporada abre um enorme leque de possibilidades para uma possível próxima temporada, retomando sua premissa inicial.


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