Energia renovável não é bicho de sete cabeças

Passou quase despercebida, mas a notícia é tão importante que vale a pena a reflexão

Por: Arminda Augusto  -  15/02/24  -  06:22
Atualizado em 15/02/24 - 09:14
  Foto: Divulgação/Sabesp

Passou quase despercebida, mas a notícia é tão importante que vale a pena a reflexão. Na semana passada, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica divulgou que o Brasil bateu recorde de geração de energia limpa em 2023, com 93,1% de toda a energia gerada vindo de fontes renováveis, como hidrelétricas, eólicas, solares e de biomassa. No total, essas fontes geraram 70,2 mil megawatts médios (MWm) no ano passado.


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Também na semana passada, outro dado importante que ‘conversa’ com esse: o Sistema Interligado Nacional registrou consumo recorde de energia na quarta-feira, dia 7, sendo que 92,4% desse total foi por meio das mesmas fontes renováveis, especialmente usinas hidrelétricas, eólicas e solares e de micro e minigeração distribuída. Ou seja: o calorão que estamos vivendo está, sim, consumindo mais energia, principalmente na refrigeração, mas a notícia boa é que ela está vindo de fontes limpas.


A Câmara de Comercialização também apontou para um crescimento de 63,9% na geração distribuída – quando os próprios consumidores produzem sua energia, principalmente a partir de placas solares nos telhados das casas. Esse montante é injetado na rede da distribuidora local.


Para um mundo que só tem acompanhado notícias ruins a respeito de mudanças climáticas e da necessidade de encontrarmos formas de zerar a emissão de carbono no ar, essas são ‘bolas dentro’ do Brasil, um sinal claro de que é possível, sim, perseguirmos o free carbon.


Aqui bem perto da Baixada Santista, um exemplo claro de como vem sendo inovador o campo da geração de energia está na Capital, mais especificamente no Sistema Cantareira, que abastece 8,5 milhões de pessoas da Região Metropolitana de São Paulo. Em uma das estações de tratamento de água, a ETA Guaraú, uma pequena central elétrica começou a funcionar este ano. Ou seja, a engenharia provou que é possível aproveitar a estrutura de uma estação de tratamento de água para também gerar energia elétrica. E a Sabesp, parceira direta nessa novidade, estuda a possibilidade de ampliar esse conceito para outras estruturas, como as estações de tratamento de esgoto e até mesmo as tubulações que compõem a rede coletora e de distribuição de água dos municípios. Há uma infinidade de opções a serem estudadas onde nunca se imaginou, fruto não só da necessidade de ampliarmos as fontes limpas, como eventualmente reduzirmos custos e tarifas ao consumidor final.


A ampliação da atividade econômica, como no Porto de Santos, por exemplo, vai exigir cada vez mais sistemas robustos e seguros de energia, e o desafio é garantir essa demanda a partir de fontes limpas e renováveis. Usinas concebidas a partir de petróleo e carvão precisam estar com os dias contatos, e essa é uma vantagem competitiva do Brasil, que já tem sua matriz energética com DNA limpo.


É claro que o setor energético é apenas um entre tantos que precisam zerar a emissão de carbono em médio e longo prazos, mas a inovação tem sido a tônica de projetos eficientes nessa área. O desejo é que também nos transportes, principalmente, a conversão aconteça na mesma velocidade. Se assim for, é possível prevermos o cumprimento da nossa parte no Acordo de Paris: ampliar a redução de emissões de gases de efeito estufa para 50% até 2030 e alcançar emissões líquidas neutras até 2050. Mantenhamos a esperança!


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