Mesas ocupadas e filas na entrada. Basta percorrer algumas das principais ruas de bares e restaurantes da Baixada Santista para perceber que o grande movimento nesses estabelecimentos já começa a refletir a tendência de retomada econômica do setor. Houve aumento de 10% no consumo em restaurantes e de 20% nos bares, apenas nos primeiros dois meses do segundo semestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com o sindicato do setor.
Proprietários e responsáveis pelos bares da região atribuem o crescimento à cobertura vacinal contra a covid-19. As nove cidades da Baixada, juntas, conseguiram aplicar pelo menos a primeira dose da vacina em 78,7% da população, segundo dados do Governo do Estado. Os números apontam, ainda, que Santos é a cidade com maior número de doses aplicadas, atingindo 300 mil pessoas, com 69,2% da população com duas doses ou dose única.
O dono da cervejaria Mucha Breja, Renato Melo, diz que, no seu caso, o avanço da vacinação aumenta a sensação de segurança, já que o público que frequenta o estabelecimento tem faixa etária média mais elevada. “O faturamento já está se aproximando do período pré-pandemia, mas ainda é momento de instabilidade, porque com a volta de shows e eventos, temos mais concorrência”, afirma.
Melo estima que deixou de faturar cerca de R$ 1 milhão durante a pandemia. Nem mesmo a abertura com período reduzido, nas fases amarela e verde do Plano São Paulo, foi capaz de minimizar a queda brusca no faturamento.
De acordo o presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes da Baixada Santista (SinHoRes), Heitor Gonzalez, a expectativa positiva do segmento, com a recuperação, é a de minimizar bastantes as dívidas. “A previsão é chegar na estaca zero em março de 2023”.
A expectativa positiva é reforçada por Yuri Brabo, sócio do Plano Steakhouse. “Há indícios de que vai melhorar”, destaca, baseado no crescimento gradativo registrado nos últimos meses. A evolução esbarra, no entanto, no poder aquisitivo do consumidor. “Estamos diante de uma instabilidade econômica. Ainda assim, o retorno tem sido bastante satisfatório”, diz o comerciante, que espera até o final do ano crescimento de 60% no faturamento, em relação ao mês de setembro.
Na avaliação de Jayme Cardoso, sócio do Bar do Toninho, um dos bares mais tradicionais de Santos, o lucro vem aumentando, mas o cenário ainda é de recuperação. "Estamos saindo de um período muito ruim”, afirma.
Um dos termômetros de que a situação começa a parecer mais com o período de pré-pandemia é a retomada das contratações. Cardoso revela que teve de dispensar cinco funcionários durante a pandemia, por conta dos períodos de fechamento total, determinados pelo Plano São Paulo, com objetivo de combater a transmissão do coronavírus. Ele garante, no entanto, que com a retomada do funcionamento em período normal, todos funcionários já foram recontratados.
Dados da Fundação Seade indicam que, entre agosto de 2020 e o mesmo mês de 2021, o número de admissões foi maior que o de desligamentos, resultando em um saldo positivo de 5.930 contratações nesse período. Só em agosto deste ano, o saldo positivo foi de pouco mais de mil postos de trabalho.
Renato Melo, do Mucha Breja, afirma que deve ampliar ainda mais o quadro de funcionários, mesmo já tendo contratado mais da metade do total que tinha dispensado antes da crise provocada pela pandemia. “Fui obrigado a demitir seis funcionários. Desde a retomada, já contratei outros quatro, e estou em busca de mais pessoas que possam integrar a equipe. Com o aumento do movimento, a expectativa é ampliar ainda mais o quadro”, afirma.
* Reportagem feita como parte do projeto Laboratório de Notícias A Tribuna - UniSantos sob supervisão dos professores Eduardo Cavalcanti e Lidiane Diniz e do diretor de Conteúdo do Grupo Tribuna, Alexandre Lopes.