O prédio da Alfândega do Porto de Santos, no Centro de Santos, passará pela primeira reforma de grande porte desde 2003. A previsão é de que as obras de recuperação da fachada, calçada e cobertura do imóvel, que custarão R$ 2,5 milhões aos cofres da União, comecem no ano que vem. A empresa vencedora da licitação só aguarda a licença da Prefeitura para começar as reformas.
A Prefeitura de Santos informou que o processo está dentro do prazo e explicou que, como o prédio tem nível de proteção N1 (integral), com base no Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa), foi solicitado o comparecimento do arquiteto responsável pelo projeto ao Departamento de Controle do Uso e Ocupação do Solo e Segurança de Edificações (Deconte) para prestar informações sobre as intervenções - o trâmite ocorreu em 3 de novembro.
As obras serão realizadas pela empresa GHS Artex, vencedora do certame. O acordo foi firmado em 22 de julho, e a contratada tem até sete meses para concluir os serviços no prédio, que é patrimônio tombado da Cidade.
Pela data de assinatura do contrato, apesar de a Prefeitura informar que os procedimentos estão dentro do prazo, a Artex teria apenas dois meses para entregar o serviço, no dia 22 fevereiro.
Obras
Os principais alvos da restauração são a fachada e as calçadas, em pedra portuguesa, existentes no entorno do edifício. Em decorrência das constantes lavagens externas, da maresia e das condições climáticas, partes dos revestimentos externos estão se desprendendo e precisam ser recolocados.
Além disso, as esquadrias de madeira têm de ser repintadas, trocadas ou reparadas por estarem apodrecidas. Outras ações de conservação e recuperação precisam ser realizadas nas grades e portões de ferro forjado, no telhado, nas lajes de cobertura e no sistema de drenagem de água pluvial.
O edifício-sede da Alfândega de Santos completou 80 anos em 2014, período durante o qual passou por diversas reformas. Com características art déco (estilo artístico do começo do Século 20 que valorizava formas geométricas), o imóvel tem grande valor histórico. Para o arquiteto especialista em restauração Gino Caldatto, é fundamental a preservação de prédios históricos, especialmente para a identidade cultural da população. “Sem memória, não existe passado, tampouco futuro”, afirma.
Caldatto diz que a restauração do prédio, que tem sua história associada à Praça da República, tem o intuito de corrigir problemas que ocorreram ao longo do tempo. “É a modernização de suas instalações, sem descaracterizar as virtudes de suas linhas arquitetônicas e acabamentos finos do estilo de construção”.
O arquiteto ressalta que a preservação de um edifício antigo tem maior importância antropológica, quando se trata do campo econômico. Para ele, reformas como esta são responsáveis por valorizar o entorno. “O edifício e seu acabamento são imensuráveis. A restauração não gera valor de metro quadrado, mas sim cultural e artístico. Ela beneficiará os empreendimentos e edifícios no entorno, que serão ainda mais valorizados”.
* Reportagem feita como parte do projeto Laboratório de Notícias A Tribuna-UniSantos sob supervisão da professora Lidiane Diniz e do diretor de Conteúdo do Grupo Tribuna, Alexandre Lopes.