Moradores de Santos decoram rua da Ponta da Praia para o Natal e explicam tradição
Decoração começou há cerca de 60 anos com lâmpadas coloridas nas árvores
O primeiro Natal após o relaxamento das medidas de combate à pandemia de coronavírus tem sido marcante para os moradores da Rua Roberto Sandall, na Ponta da Praia, em Santos. As decorações tomaram conta das janelas e varandas dos prédios, corrimãos e até mesmo das árvores.
O engenheiro civil aposentado Roberto Pires, de 69 anos, é morador da via já há quase 10 anos e, apaixonado pelo Natal, coloca música para tocar da janela de sua sala e convida até o Papai Noel para levar, ano após ano, o espírito natalino ao local.
"No começo ninguém sabia que era eu que colocava a música, isso virou tradição e hoje alguns vizinhos me cobram. Ano que vem faremos 10 anos de músicas natalinas na janela e com certeza vamos comemorar. Minha tradição vai ser mantida a qualquer custo", celebra ele, que coloca as canções em todas as noites de sexta, sábado e domingo.
Roberto conta que já chegou a receber mensagens de vizinhos que pedem para ele tocar músicas da janela quando recebem visitas. Ele relata também que recebe todos os anos mensagens de pessoas que estão em outros países, que contam ter matado a saudade da rua Roberto Sandall após ver as fotos que ele publica nas redes sociais.
Ele explica que se surpreendeu com a decoração de 2021 na via e que já recebeu o Papai Noel duas vezes este mês. "Esse ano eu achei que melhorou a decoração. Só tem um prédio que não está decorado, porque está reformando. Está bem legal, muito bonito e alegre, as pessoas tem visitado e levado bastante gente".
Mesmo com os imprevistos, os pequenos milagres de Natal seguem acontecendo na Roberto Sandall. Na primeira visita do 'bom velhinho' no dia 10 de dezembro, quando Roberto Pires fez um convite aos vizinhos, faltou luz na via durante a tarde. Já no último domingo (19), até a chuva deu uma trégua. Apesar do clima instável, foi só ele chegar às 20h30 que o céu começou a limpar e a chuva deu uma trégua.
"Eu tinha feito um aviso contando sobre a vinda do Papai Noel e deixado nas portarias dos 14 prédios. Mesmo com o imprevisto da energia, quando começou a tocar música na minha janela, todo mundo desceu para a rua e foi muito legal. Eu sempre fui apaixonado pelo Natal e sempre serei, até os 12 anos eu ainda acreditava no Papai Noel. Hoje vejo a data como algo encantador, comemoro mesmo o nascimento de Cristo. A gente faz nossa oração mas também fazemos uma festa para ele, ponho música e falo 'Jesus, essa é para ti, meu irmão'".
A rua, de apenas uma quadra, ganha cores e brilhos de pisca-pisca há vários anos em todos os natais e se tornou uma tradição santista que compete com a Rua Álvaro Alvim, no Embaré. Edmundo Pozzane, de 83 anos, contou à Reportagem que a tradição partiu dele há cerca de 60 anos.
"Uma casa no canal 3, próximo à Rua Minas Gerais, tinha no quintal uma árvore muito linda cheia de lâmpadas redondas e eu achei aquilo lindo. Falei para a minha senhora: 'acho que vou decorar nosso prédio e a árvore que fica aqui na frente'. Então comprei várias lâmpadas e o zelador do prédio da frente gostou e passou a decorar também, e por aí vai".
