Areia Branca, um nome perdido no tempo

O nome de batismo, hoje, faz bem menos sentido. As ruas estão ocupadas, há asfalto, praças e boas casas

Por: Júnior Batista  -  09/01/21  -  23:15
Vizinhos ainda conversam na porta das casas
Vizinhos ainda conversam na porta das casas   Foto: Carlos Nogueira/AT

O nome de batismo Areia Branca, hoje, faz bem menos sentido. As ruas estão ocupadas, há asfalto (embora os moradores ainda reclamem de sua qualidade), praças e boas casas. Quem garante são os moradores mais antigos desse simpático bairro de Santos, onde as pessoas ainda sentam à porta de casa para bater um papo.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Aliás, foi dessa forma que encontramos a primeira e mais antiga personagem dessa Reportagem: dona Sônia Maria Amorim, de 64 anos. Ela garante que tem o mesmo tempo de bairro, pois cresceu ali.
Sua casa, na Rua Tomoichi Kobuchi, é herança dos pais. Eles foram uns dos que estavam aqui na fundação do Areia Branca.


Antes da regularização fundiária havia uma grande favela, na década de 40. As famílias foram se mudando e nos anos 60 havia mais de 2.500 pessoas morando lá. Entre elas, o pai de Sônia, que comprou um barraco de madeira onde hoje fica a sua casa, de alvenaria.


“Eu nasci e cresci aqui. Gosto do bairro. Tem os perigos, como qualquer lugar, mas é bom”, diz ela, que emenda. “Mas eu quero me mudar, viu”, diz, falando que prefere mais agitação.


Clima de amizade


Sônia conversou com a Reportagem enquanto ajudava a amiga, Maria Aparecida Amorim, de 54 anos. A dona de casa estava varrendo a rua. “É um combinado que temos aqui na nossa rua. Cada uma varre duas vezes por semana e a gente vai mantendo a limpeza”, diz ela, que mora ali há 11 anos, ao lado da casa de Sônia.


O clima de amizade entre os vizinhos permaneceu. Sônia acredita que, pela própria história do bairro, essa relação mais próxima entre os moradores se solidificou.


Há quem discorde. Foi o caso de Marlene Oliveira, de 64 anos, que tem uma banca na Praça Professor Micanor Ortiz. Ela critica a postura dos moradores mais jovens, que foram perdendo esse coleguismo.
“Até por causa de cocô de cachorro já vi discussão. Aconteceu comigo também. Cadê a educação?”, questiona ela, que mora há mais de 40 anos no bairro.


Sentada na pracinha, ela conversava com a “irmã de alma”, Maria de Lourdes Carvalho, de 57 anos. A pensionista e “esportista”, como ela mesma se proclama, também reclama da falta de educação de alguns, que, segundo ela, contrasta com o bairro.


Mais investimento


Elas concordam que houve melhorias, mas afirmam que ainda faltam investimentos maiores, que possam atrair mais empregos. “Escolas, um shopping, de repente. Uma faculdade. Por que não pode ter uma faculdade na Zona Noroeste?”, questiona Maria de Lourdes.


Dona Maria Aparecida também fala do assunto. “Algo que gerasse mais emprego. E pensar na educação dos jovens, que acabam saindo daqui ou se deixando levar pela criminalidade. Mas, se não tiver opção do que estudar, não dá para fazer nada”, diz.


Marlene acha que é preciso ter um olhar mais amplo para o bairro e a ZN, brinca que “onde fecha um bar abre uma igreja”, mas escola que é bom... “Precisa disso. Educação, emprego, entretenimento. Isso ainda tá em falta na ZN”, conclui.


Tudo sobre:
Logo A Tribuna
Newsletter