Vice-PGR pede ao STF investigação contra ministro da Educação por racismo

Abraham Weintraub é investigado por postagem preconceituosa contra chineses em redes sociais

Por: Do Estadão Conteúdo  -  15/04/20  -  00:45
Atualizado em 15/04/20 - 00:47
Em seu Twitter, Weintraub insinuou que a China vai sair
Em seu Twitter, Weintraub insinuou que a China vai sair "fortalecida" da crise atual   Foto: Mateus Bonomi/AGIF - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo

O vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, pediu ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito contra o ministro da Educação, Abraham Weintraub, pelo crime de preconceito, em razão de publicação irônica contra a China - o ministro insinuou que o país asiático vai sair "fortalecido" da crise atual causada pelo coronavírus, apoiado por seus "aliados no Brasil". Em seguida, ele apagou a publicação.


"Quem são os aliados no Brasil do plano infalível do Cebolinha [personagem criado por Maurício de Sousa] para dominar o mundo?", questiona. Em sua postagem, o ministro usa uma imagem dos personagens da Turma da Mônica ambientada na Muralha da China e, substituindo a letra "r" pela letra "l", faz referência ao modo de falar de Cebolinha, para insinuar que se trata dos chineses.


Após a declaração nas redes sociais, o PSOL e um cidadão comum fizeram requerimentos à Procuradoria-Geral da República para investigar o ministro.


Após analisar esses documentos, Medeiros afirmou que as "peças de informação revelam que o Ministro de Estado da Educação, Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub, teria veiculado no dia 4 de abril próximo passado, e posteriormente apagado, manifestação depreciativa, com a utilização de elementos alusivos à procedência do povo chinês, no perfil que mantém na rede social Twitter".


Diante disso, a PGR pede diligências, como "a preservação" e a posterior obtenção dos dados referentes ao acesso que possibilitou a prática supostamente delituosa, abrangendo o número de IP utilizado para o acesso à aplicação de internet que a viabilizou, os registros ("log") relacionados ao acesso do responsável pela postagem, bem como o e-mail usado por ocasião da criação do perfil @AbrahamWeint'.


Após a manifestação de Weintraub, a Embaixada da China no Brasil repudiou sua publicação. "Deliberadamente elaboradas, tais declarações são completamentes absurdas e desprezíveis, que têm cunho fortemente racista e objetivos indizíveis, tendo causado influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Brasil", diz a nota divulgada no Twitter da Embaixada. O comunicado afirma ainda que "o lado chinês manifesta forte indignação e repúdio a esse tipo de atitude".


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