Reitor argentino diz que novo ministro da Educação não concluiu doutorado

Carlos Alberto Decotelli editou a informação de seu currículo on-line, após o não reconhecimento de aprovação na instituição de ensino superior no país vizinho.

Por: Do Estadão Conteúdo  -  27/06/20  -  20:20
Não é a primeira vez que uma autoridade tem o currículo contestado
Não é a primeira vez que uma autoridade tem o currículo contestado   Foto: Marcos Corrêa/PR

O reitor da Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, Franco Bartolacci, afirmou nesta sexta-feira (26), que o novo ministro da Educação do Brasil, Carlos Alberto Decotelli, não obteve o título de doutor na instituição, como consta em seu currículo. Após confirmação que o ministro não apresentou sua defesa de tese para o título, ele editou o seu currículo. 


O reitor disse que o ministro não cumpriu as etapas necessárias para obter o título. “Cursou o doutorado, mas não o concluiu, pois lhe falta a aprovação da tese. Portanto, ele não é doutor pela Universidade Nacional de Rosário, como chegou a se afirmar”, afirmou  Bartolacci.  


Mais cedo, no Twitter, Bartolacci disse que era preciso "esclarecer" uma publicação feita na quinta-feira (25) pelo presidente Jair Bolsonaro. Nela, menciona que Decotelli é “doutor em Administração pela Universidade de Rosario”.  


‘Informo a nomeação do Professor Carlos Alberto Decotelli da Silva para o cargo de @MEC_Comunicacao. Decotelli é bacharel em Ciências Econômicas pela UERJ, Mestre pela FGV, Doutor pela Universidade de Rosário, Argentina e Pós-Doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha”, escreveu o presidente.   


Decotelli reafirmou ter o título e enviou à reportagem uma cópia de um certificado da universidade argentina. O documento é datado de 7 de fevereiro de 2009 e diz que o Decotelli “cursou todas as disciplinas do doutorado em Administração”. “É verdade. Pergunte lá para o reitor", limitou-se a dizer Decotelli. Questionado se ele apresentou a tese, necessária para a conclusão do curso, o ministro não respondeu.  


O MEC informou que "o ministro Carlos Alberto Decotelli da Silva concluiu, em fevereiro de 2009, todos os créditos do doutorado em Administração pela Faculdade de Ciências Econômicas e Estatística da Universidade Nacional de Rosário, na Argentina".  


Na lista de títulos de Decotelli também consta pós-doutorado na Universidade de Wuppertal, na Alemanha. Também procurada, a instituição de ensino alemã não respondeu. Pelas regras brasileiras, se uma pessoa não apresentou tese, não pode ser considerada doutor em uma universidade. Já o preenchimento do currículo Lattes é feito pelo profissional, de forma autodeclaratória.  


Outros casos 


Não é a primeira vez que uma autoridade tem o currículo contestado. Em 2009, a então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff precisou corrigir informações de que havia feito doutorado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ela havia feito apenas algumas disciplinas, sem ter chegado ao fim do curso.  


No ano passado, o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), também precisou explicar por que incluiu um doutorado em Ciência Política na Universidade Federal Fluminense (UFF), com um período de intercâmbio em Harvard, nos Estados Unidos. Witzel nunca cursou a universidade americana. Após questionamentos, Witzel afirmou que incluiu a menção a Harvard no currículo porque tinha a intenção de estudar lá. As informações são do jornal 


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