'Ou eu, ou Aécio Neves', diz Bruno Covas ao defender expulsão de deputado do PSDB

Pressão pelo desligamento do mineiro se intensificou depois que ele virou réu na Justiça Federal de São Paulo, na semana passada

Por: De A Tribuna On-line & Com informações do Estadão Conteúdo &  -  11/07/19  -  17:16

A cúpula do PSDB ligada ao governador de São Paulo, João Doria, tem aumentado a pressão pela expulsão do deputado federal Aécio Neves (MG) por conta da demora no pedido de afastamento do partido. O movimento se intensificou depois que o mineiro virou réu na Justiça Federal de São Paulo, na semana passada, acusado de receber propina de R$ 2 milhões do grupo J&F e tentar obstruir investigação da Lava Jato.


Desta vez, foi o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, que deu o tom da cobrança em relação a direção nacional da legenda. Na última quarta-feira (10), enquanto acompanhava o governador em exerício, Rodrigo Garcia (DEM) em uma entrega de trens da CPTM no Brás, o tucano disse que partido deverá escolher entre ele ou Aécio Neves. “E se o diretório do PSDB de Belo Horizonte quer a minha expulsão, essa é uma boa decisão, então, que fica agora para o PSDB nacional. Ou eu, ou Aécio Neves no partido”, disse Covas.


Pressão


O PSDB de São Paulo prevê, no curto prazo, o desgaste provocado pelo caso Aécio na campanha à reeleição do prefeito Bruno Covas. Aliados do deputado afirmam que não há hipótese de o parlamentar mineiro se afastar ou pedir a desfiliação da legenda neste momento. Há, porém, um grupo próximo ao deputado que tenta convencê-lo a se licenciar.


O movimento que pede o afastamento de Aécio parte de dirigentes do PSDB próximos a Doria e ao presidente da legenda, Bruno Araújo (PE). Apontado com um dos possíveis candidatos à sucessão do presidente Jair Bolsonaro, em 2022, Doria disse ao Estado que o melhor seria uma saída espontânea de Aécio dos quadros do partido.


Na quinta-feira passada (4), o diretório paulistano do partido, presidido por Fernando Alfredo, um dos aliados de Doria, aprovou um pedido de expulsão de Aécio. A mesma pauta foi ser levada ao diretório de São Bernardo por Carla Morando, líder tucana na Assembleia Legislativa, para depois, ser encaminhada ao diretório estadual paulista.


De acordo com Alfredo, o pedido de expulsão de Aécio não estava na pauta da reunião do diretório municipal de São Paulo - entrou como questão de ordem a pedido de um dos presentes. "Coloquei em votação e foi aprovado por unanimidade", afirmou. Estavam presentes 68 dos 71 membros do diretório.


Ele integra um colegiado de 20 presidentes de diretórios tucanos em capitais e é responsável por levar a demanda do grupo à executiva nacional do PSDB. "Há várias manifestações de outros presidentes querendo a expulsão do Aécio. Os únicos que se posicionaram contra foram os presidentes de Belo Horizonte e do Paraná", disse.


"Na minha opinião, vai crescer esse movimento pedindo a saída dele (Aécio) do partido. A capital deu um primeiro passo", disse ao Estado o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, membro da executiva nacional e marido de Carla. "O que a gente percebe claramente da militância é que a presença dele gera um desconforto (no partido)", afirmou.


A pressão envolvendo o deputado não é a única. Também são alvo de investida pela expulsão o ex-governador Alberto Goldman e o ex-secretário estadual Saulo de Castro. Os dois foram expulsos pelo diretório paulista por infidelidade partidária enquanto Doria disputava o governo de São Paulo, mas o diretório nacional tucano ficou de dar um desfecho final ao caso. Os dois, na época, disseram ser fiéis aos valores do partido.


Código de ética


Oficialmente, a cúpula do PSDB avalia que a manutenção de Aécio na sigla levaria ao questionamento do novo código de ética do PSDB, lançado em maio. Na prática, no entanto, há receio de que o caso envolvendo Aécio leve à derrocada dos tucanos nas eleições de 2020. O código prevê a expulsão de políticos condenados criminalmente ou que tiverem cometido infidelidade partidária. Não há, porém, punições para aqueles que estão sendo investigados, como é o caso de Aécio.


A executiva nacional informou, por meio de nota enviada ao Estado, que o código de ética do partido vai guiar a decisão do Conselho de Ética, sugerindo que o presidente nacional, Bruno Araújo, irá pautar o pedido de expulsão de Aécio.


Procurado, o diretório mineiro do PSDB se posicionou, por meio de nota, contra a remoção de Aécio do partido. "Temos plena confiança de que, assim como outros membros do partido, o deputado Aécio provará na Justiça a correção dos seus atos." Procurado pela reportagem, o deputado não quis se manifestar sobre o assunto.


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