Governo quer agilizar projetos de infraestrutura no Congresso

Proposta de pacto ao Legislativo pretende destravar investimentos para melhorar o ambiente de negócio do país

Por: Estadão Conteúdo  -  08/01/19  -  21:59
  Foto: Ministério da Infraestrutura,Edsom Leite/Divulgação

O governo de Jair Bolsonaro quer criar um atalho no Congresso Nacional para agilizar a aprovação de projetos ligados principalmente à infraestrutura, em uma tentativa de destravar investimentos. O governo selecionou um conjunto de medidas que já estão em tramitação e vai propor um pacto ao Legislativo para facilitar a aprovação desses projetos, que têm potencial para melhorar o ambiente de negócios no país.


"Não é o Executivo construindo uma pauta para o Legislativo, nem poderia", disse o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. "Trata-se de valorizar projetos apresentados pelos próprios parlamentares, para se construir um ambiente de respeito do Executivo com o Congresso".


Eleito com a promessa de acabar com o loteamento partidário do governo, Bolsonaro poderá, dessa forma, inaugurar uma nova forma de relacionamento com o Congresso. Se o pacto for aceito, as propostas terão tramitação diferenciada, mais rápida.


Mas, para tanto, seria fundamental obter a concordância e a participação dos presidentes da Câmara e do Senado. A eles, será reservado o protagonismo de todo o processo. O apoio do PSL - partido do presidente - à candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à reeleição da Presidência da Câmara pode ajudar.


O pacto faz parte da programação do Ministério da Infraestrutura para os primeiros 100 dias de governo. Ele deve ser proposto em fevereiro, após definidos os comandos das duas Casas e das comissões temáticas.


Entre os projetos que entrariam no pacto, estão o que regula o licenciamento ambiental, as desapropriações, a nova lei para contratações públicas, o novo marco das agências reguladoras. Também entrariam propostas com impacto sobre toda a economia, como a Lei Complementar de Finanças e a revisão da Lei de Falências. Em alguns casos, segundo Tarcísio, alterações podem ser negociadas.


O ministro avalia que a prioridade imediata é a aprovação da reforma da Previdência, mas diz que as agendas não competem e podem ser até complementares. "Os atores não são necessariamente os mesmos", disse.


Segundo ele, é mais fácil construir consenso sobre a pauta da infraestrutura, pois ajuda a destravar investimentos em todo o país. "São projetos que acabam beneficiando, trazendo recursos para as áreas de atuação de cada parlamentar."


Capital político


Ao contrário da reforma da Previdência, que é impopular, as matérias de interesse da infraestrutura não consomem capital político, disse o ministro. "Às vezes, é bom intercalar uma pauta complexa com uma pauta amena".


O capital político de Bolsonaro lhe dá condições de "virar a página" no relacionamento com o Congresso, avaliou o ex-senador e ex-ministro César Borges, que atualmente preside a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). "É preciso haver um pacto pelo Brasil e colocar as estruturas de partidos no segundo plano", avaliou. "Temos de ter consciência de que o país precisa retomar o crescimento e investir na infraestrutura".


O avanço dessa agenda seria "extraordinário", disse o professor Cláudio Frischtak, da consultoria Inter.B. Mas ele alerta que o governo tem uma agenda muito grande e precisa decidir qual a melhor forma de alocar seu capital político. "É preciso dar prioridade ao que é fundamental", disse. E, no caso, o essencial é a aprovação da reforma da Previdência e a reorganização das contas públicas.


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