Alfredo Martins nega perseguição a Janaina Ballaris: 'Isso é vacina'

Coordenador do PT na Macrorregião da Baixada Santista enxerga postura da vereadora de Praia Grande como uma 'garantia' para evitar a perda do mandato

Por: Bruno Gutierrez  -  25/02/19  -  10:03
  Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Após a vereadora Janaina Ballaris, de Praia Grande, justificar, na última quinta-feira (21), a intenção de deixar o Partido dos Trabalhadores (PT) na próxima janela eleitoral para troca partidária, a coordenação da legenda na Macrorregião da Baixada Santista decidiu se posicionar sobre o tema.


O coordenador, Alfredo Martins, entrou em contato com A Tribuna On-Line para falar sobre o tema. O petista disse que não há e não haverá nenhum tipo de perseguição dentro da legenda em relação à parlamentar. Na visão dele, a decisão de Janaina foi uma forma dela se defender de uma possível tentativa do PT de expulsá-la do partido e requerer sua cadeira na Câmara de Praia Grande.


"Não há perseguição dentro do PT. A Janaina não é uma questão importante para o PT neste momento, porque, para nós, ela já saiu do PT. Ela não está no PT. É mais uma vacina para, se entrarem com pedido de [requerer] o mandato, ela entrar com um recurso dizendo que foi perseguida. Porque é uma das formas de não perder o mandato", analisou Martins.


O coordenador disse, ainda, que "não há interesse do Partido dos Trabalhadores em tomar qualquer atitude intempestiva neste momento", e que sugeriu à parlamentar que pedisse o licenciamento do partido.


Martins garantiu que o partido da estrela vermelha voltará a ter uma candidatura a prefeito e chapa completa para vereadores nas eleições municipais em 2020, e que as projeções já são feitas sem contar com a participação de Janaina. Apesar disso, ele garante ter respeito pela vereadora, e deseja que este seja um "divórcio amigável".


"Nós acreditamos no que ela falou [sobre sair]. Estamos em um processo de divórcio, mas algo amigável, na boa. Não tenho nada contra a pessoa da Janaina. Não é do meu grupo de convivência, mas tenho respeito pelas ações dela. Sei como é ser vereador em um grupo minoritário dentro de uma cidade. Entendo isso, e entendo que ela queira manter o mandato, que gosta da política, que tem muito a contribuir, que vai procurar outro caminho. É um direito dela. Mas, tem que sair trabalhando com a verdade", disse o petista.


Outro lado


Alfredo Martins também contrapôs algumas colocações da vereadora. Em relação às eleições de 2016, quando Janaina conseguiu a reeleição após se coligar com o PR e o PSD, o coordenador da Macrorregião disse que apoiou a parlamentar, apesar da orientação do PT nacional.


"Ela [Janaina] colocou que não tinha condição de montar essa chapa, não teria candidato. E que a única opção dela seria uma coligação com outros partidos. O PR e o PSD. A orientação nacional era de que esses partidos não poderiam fazer coligação com o PT. E, na época, ela colocava que se não tivesse a coligação, ela não se elegeria. Eu não era da Macrorregião, mas fui uma das pessoas que defenderam - e a Macrorregião da Baixada Santista também, na direção estadual -, a flexibilidade dessa regra, para que permitisse a coligação em Praia Grande e em Guarujá. Eram cidades onde tínhamos problemas", contou o político.


Alfredo Martins, coordenador do PT na Macrorregião da Baixada Santista
Alfredo Martins, coordenador do PT na Macrorregião da Baixada Santista   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Ainda sobre essa situação, o atual coordenador da Macrorregião fez uma crítica, pelo fato de o PT não ter conseguido montar uma chapa própria em 2016.


"Tem que ter gente disponível a ser candidata. E as pessoas são candidatas em um partido político quando elas sentem importância na disputa delas. Quando ela acha que entrará na disputa simplesmente para fazer campanha a alguém que já está lá, e que não a ouve, ela não se candidata. Acredito que, em Praia Grande, tenha acontecido um pouco isso", ponderou o petista.


Sobre outra colocação da vereadora, que disse ter aumentado em 40% sua votação, Alfredo Martins enxerga, na verdade, uma perda de espaço do partido no cenário eleitoral.


"O PT, em 2012, teve candidatura própria na cidade, chapa completa para vereador, atingiu o coeficiente. Se você comparar com 2012, o PT perdeu voto. Não conseguiu manter uma candidatura, e não conseguiu manter uma chapa mínima. Lançamos dois candidatos em uma chapa total. E são falhas do diretório da cidade", ressaltou o coordenador.


Coordenação da Macrorregião do PT na Baixada Santista


Alfredo Martins assumiu a função de coordenador do PT na Macrorregião da Baixada Santista em 2017. O cargo, anteriormente, pertencia a Emerson Santos, quando Janaina Ballaris era vice-coordenadora.


De acordo com Martins, ele só topou assumir a vaga com a condição de ser um nome de consenso. Segundo o petista, o problema teria começado quando a vereadora vetou nomes para compor a coordenadoria.


"Ela vetou o nome de outras pessoas de Praia Grande que não eram próximas a ela. E eu não aceitei isso, também. Se eu estou construindo um consenso, como eu faço isso vetando nomes? E estamos em um momento de reconstrução partidária, onde você tem que abraçar todos para tocar para frente. Não é hora de disputinha", explicou o petista.


O coordenador também destacou que a Macrorregião é um órgão aglutinador, feito para unificar o discurso dos partidos nas regiões, e que não tem o poder de gestão burocrática dentro dos diretórios do partido.


Alfredo também comentou que a Macrorregião não vetou o nome de Janaina Ballaris para integrar a direção estadual, mas que foi uma escolha da tendência da qual a parlamentar faz parte.


"A tendência [Construindo um Novo Brasil, CNB] indicou um representante para a estadual. E ela não foi indicada, foi indicado o Emerson Santos. A tendência que ela faz parte indicou outro nome. Outras tendências indicaram outros nomes", disse Martins.


Eleições de 2018


O petista também rebateu a informação de que o partido teria apoiado candidaturas do PC do B e preterido nomes de dentro do PT. Ele citou nominalmente o caso de Carina Vitral, candidata a deputada estadual no ano passado.


"Não houve apoio do PT à Carina Vitral. Ela foi candidata a prefeita de Santos em uma chapa com o PT, em 2016. Lógico que as pessoas que votam ficam com essa memória. Muita gente que é eleitora da Telma [de Souza] provavelmente votou com a Carina", analisou o coordenador.


Por fim, Alfredo Martins disse que propôs a Janaina Ballaris que saísse em dobradinha com Telma de Souza, a primeira como deputada federal e a segunda como estadual, e que uma ajudaria a outra.


"Isso não significa que todas as pessoas, todos os militantes, todos os filiados vão votar. Não funciona assim na política", concluiu.


Janaina Ballaris, vereadora em Praia Grande
Janaina Ballaris, vereadora em Praia Grande   Foto: Irandy Ribas/AT

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