Após a vereadora Janaina Ballaris, de Praia Grande, justificar, na última quinta-feira (21), a intenção de deixar o Partido dos Trabalhadores (PT) na próxima janela eleitoral para troca partidária, a coordenação da legenda na Macrorregião da Baixada Santista decidiu se posicionar sobre o tema.
O coordenador, Alfredo Martins, entrou em contato com A Tribuna On-Line para falar sobre o tema. O petista disse que não há e não haverá nenhum tipo de perseguição dentro da legenda em relação à parlamentar. Na visão dele, a decisão de Janaina foi uma forma dela se defender de uma possível tentativa do PT de expulsá-la do partido e requerer sua cadeira na Câmara de Praia Grande.
"Não há perseguição dentro do PT. A Janaina não é uma questão importante para o PT neste momento, porque, para nós, ela já saiu do PT. Ela não está no PT. É mais uma vacina para, se entrarem com pedido de [requerer] o mandato, ela entrar com um recurso dizendo que foi perseguida. Porque é uma das formas de não perder o mandato", analisou Martins.
O coordenador disse, ainda, que "não há interesse do Partido dos Trabalhadores em tomar qualquer atitude intempestiva neste momento", e que sugeriu à parlamentar que pedisse o licenciamento do partido.
Martins garantiu que o partido da estrela vermelha voltará a ter uma candidatura a prefeito e chapa completa para vereadores nas eleições municipais em 2020, e que as projeções já são feitas sem contar com a participação de Janaina. Apesar disso, ele garante ter respeito pela vereadora, e deseja que este seja um "divórcio amigável".
"Nós acreditamos no que ela falou [sobre sair]. Estamos em um processo de divórcio, mas algo amigável, na boa. Não tenho nada contra a pessoa da Janaina. Não é do meu grupo de convivência, mas tenho respeito pelas ações dela. Sei como é ser vereador em um grupo minoritário dentro de uma cidade. Entendo isso, e entendo que ela queira manter o mandato, que gosta da política, que tem muito a contribuir, que vai procurar outro caminho. É um direito dela. Mas, tem que sair trabalhando com a verdade", disse o petista.
Outro lado
Alfredo Martins também contrapôs algumas colocações da vereadora. Em relação às eleições de 2016, quando Janaina conseguiu a reeleição após se coligar com o PR e o PSD, o coordenador da Macrorregião disse que apoiou a parlamentar, apesar da orientação do PT nacional.
"Ela [Janaina] colocou que não tinha condição de montar essa chapa, não teria candidato. E que a única opção dela seria uma coligação com outros partidos. O PR e o PSD. A orientação nacional era de que esses partidos não poderiam fazer coligação com o PT. E, na época, ela colocava que se não tivesse a coligação, ela não se elegeria. Eu não era da Macrorregião, mas fui uma das pessoas que defenderam - e a Macrorregião da Baixada Santista também, na direção estadual -, a flexibilidade dessa regra, para que permitisse a coligação em Praia Grande e em Guarujá. Eram cidades onde tínhamos problemas", contou o político.
Ainda sobre essa situação, o atual coordenador da Macrorregião fez uma crítica, pelo fato de o PT não ter conseguido montar uma chapa própria em 2016.
"Tem que ter gente disponível a ser candidata. E as pessoas são candidatas em um partido político quando elas sentem importância na disputa delas. Quando ela acha que entrará na disputa simplesmente para fazer campanha a alguém que já está lá, e que não a ouve, ela não se candidata. Acredito que, em Praia Grande, tenha acontecido um pouco isso", ponderou o petista.
Sobre outra colocação da vereadora, que disse ter aumentado em 40% sua votação, Alfredo Martins enxerga, na verdade, uma perda de espaço do partido no cenário eleitoral.
"O PT, em 2012, teve candidatura própria na cidade, chapa completa para vereador, atingiu o coeficiente. Se você comparar com 2012, o PT perdeu voto. Não conseguiu manter uma candidatura, e não conseguiu manter uma chapa mínima. Lançamos dois candidatos em uma chapa total. E são falhas do diretório da cidade", ressaltou o coordenador.
Coordenação da Macrorregião do PT na Baixada Santista
Alfredo Martins assumiu a função de coordenador do PT na Macrorregião da Baixada Santista em 2017. O cargo, anteriormente, pertencia a Emerson Santos, quando Janaina Ballaris era vice-coordenadora.
De acordo com Martins, ele só topou assumir a vaga com a condição de ser um nome de consenso. Segundo o petista, o problema teria começado quando a vereadora vetou nomes para compor a coordenadoria.
"Ela vetou o nome de outras pessoas de Praia Grande que não eram próximas a ela. E eu não aceitei isso, também. Se eu estou construindo um consenso, como eu faço isso vetando nomes? E estamos em um momento de reconstrução partidária, onde você tem que abraçar todos para tocar para frente. Não é hora de disputinha", explicou o petista.
O coordenador também destacou que a Macrorregião é um órgão aglutinador, feito para unificar o discurso dos partidos nas regiões, e que não tem o poder de gestão burocrática dentro dos diretórios do partido.
Alfredo também comentou que a Macrorregião não vetou o nome de Janaina Ballaris para integrar a direção estadual, mas que foi uma escolha da tendência da qual a parlamentar faz parte.
"A tendência [Construindo um Novo Brasil, CNB] indicou um representante para a estadual. E ela não foi indicada, foi indicado o Emerson Santos. A tendência que ela faz parte indicou outro nome. Outras tendências indicaram outros nomes", disse Martins.
Eleições de 2018
O petista também rebateu a informação de que o partido teria apoiado candidaturas do PC do B e preterido nomes de dentro do PT. Ele citou nominalmente o caso de Carina Vitral, candidata a deputada estadual no ano passado.
"Não houve apoio do PT à Carina Vitral. Ela foi candidata a prefeita de Santos em uma chapa com o PT, em 2016. Lógico que as pessoas que votam ficam com essa memória. Muita gente que é eleitora da Telma [de Souza] provavelmente votou com a Carina", analisou o coordenador.
Por fim, Alfredo Martins disse que propôs a Janaina Ballaris que saísse em dobradinha com Telma de Souza, a primeira como deputada federal e a segunda como estadual, e que uma ajudaria a outra.
"Isso não significa que todas as pessoas, todos os militantes, todos os filiados vão votar. Não funciona assim na política", concluiu.