TRF concede habeas corpus a Marcelo Squassoni e demais detidos na Operação Círculo Vicioso

Revogação da prisão temporária dos 19 investigados foi concedida pelo desembargador Nino Oliveira Toldo, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo

Por: De A Tribuna On-line  -  24/08/19  -  00:17
Ex-deputado federal Marcelo Squassoni está entre os investigados da Operação Círculo Vicioso
Ex-deputado federal Marcelo Squassoni está entre os investigados da Operação Círculo Vicioso   Foto: Câmara dos Deputados

O Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, em São Paulo, concedeu na noite desta sexta-feira (23) habeas corpus (HC) para as 19 pessoas presas na quinta-feira (22) pela Polícia Federal na Operação Círculo Vicioso, que representa a 2ª fase da Operação Tritão, que apura fraude em contratos e licitações da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o maior complexo portuário do país, o Porto de Santos. Entre os investigados, está o ex-deputado federal Marcelo Squassoni (PRB-SP).


A prisão dos envolvidos foi revogada pelo desembargador Nino Oliveira Toldo. Com a decisão, as 19 pessoas detidas começaram a ser liberadas da Superintendência da Polícia Federal, na Capital, a partir das 22h. Marcelo Squassoni saiu da unidade por volta das 22h30.


Além de Squassoni, ex-deputado federal e ex-vereador de Guarujá, os demais envolvidos são ex-diretores da estatal, servidores e empresários, todos até então detidos para prisão preventiva, válida por cinco dias.


O pedido da defesa dos detidos na operação foi aceito pelo magistrado, que afirmou não encontrar justificativas para que ocorresse a decretação de prisão temporária para obter novas provas relacionadas com a operação. O desembargador federal atendeu ao pedido de HC de Francisco José Adriano, um dos detidos pela PF e ex-diretor da Codesp, mas estendeu a decisão aos demais envolvidos.


Segundo a Polícia Federal, Squassoni liderava o esquema de fraudes e corrupção na estatal que administra o Porto de Santos. Agentes federais estiveram em sua residência, em Guarujá, onde o político não estava. No entanto, ele foi encontrado na Capital e se apresentou à Superintendência da Polícia Federal.


Ao todo, 19 pessoas foram detidas na segunda fase da Operação Tritão
Ao todo, 19 pessoas foram detidas na segunda fase da Operação Tritão   Foto: Carlos Nogueira/AT

Círculo Vicioso


A ação foi deflagrada na manhã de quinta-feira e é resultado do trabalho conjunto da PF, Ministério Público Federal (MPF), Controladoria Geral da União e Receita Federal. Houve, também, colaboração da atual direção do Porto de Santos. O ex-deputado federal Marcelo Squassoni e outras 18 pessoas, entre diretores e servidores da Codesp, foram detidos.


Foram expedidos, pela 5ª Vara da Justiça Federal de Santos, 21 mandados de prisão temporária e 24 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Santos, Guarujá, Ilha Bela, Bragança Paulista e Serra Negra, no Estado de São Paulo, Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e em Fortaleza, no Ceará.


Todos os presos foram levados para a Delegacia da Polícia Federal em Santos. Durante o dia, passaram por audiência de custódia com o juiz Roberto Lemos Filho, da 5ª Vara Federal.


Polícia Federal cumpre mandados em cidades da Baixada Santista
Polícia Federal cumpre mandados em cidades da Baixada Santista   Foto: Verônica Gonzalez/AT

Segundo o MPF, Squassoni, no exercício do mandato de deputado federal – e, antes, ao presidir a Câmara Municipal de Guarujá –, participou das fraudes investigadas. De acordo com o inquérito, o ex-parlamentar foi o responsável pela indicação de membros da antiga diretoria da Codesp, que viabilizaram o esquema, copiado de um esquema aplicado no Legislativo de Guarujá.


As irregularidades envolvem o direcionamento de licitações em troca de vantagens ilícitas, como o pagamento de propinas e a liquidação de despesas pessoais dos envolvidos. Entre empréstimos e bens utilizados, o ex-deputado teria recebido R$ 1,6 milhão.


O nome do ex-parlamentar já havia aparecido na 1ª fase da Operação Tritão, deflagrada em outubro do ano passado. Na ocasião, os investigadores apreenderam um cheque de R$ 200 mil assinado pelo então deputado na casa do empresário Mario Jorge Paladino, investigado por irregularidades em contratos no Porto de Santos. À época, ele alegou que se tratava de pagamento de campanha não realizado.


Sobre a operação


Com base em elementos de prova obtidos quando da deflagração da Operação Tritão, depoimentos prestados em colaboração premiada e diante de informações fornecidas por membros da atual diretoria da empresa, a PF detalhou e esclareceu as fraudes inicialmente investigadas, além de outras que permaneceram sendo executadas mesmo após a prisão de alguns membros da organização criminosa.


Além do ex-deputado e de ex-integrantes da cúpula da Codesp, os mandados atingem empresários e as sedes das companhias beneficiadas. Uma delas recebeu, ao longo de 10 anos, mais de R$ 100 milhões em contratos para a prestação de serviços de segurança no Porto de Santos, por meio de sucessivas prorrogações irregulares desde 2008. Outra foi contratada no ano passado por R$ 2,7 milhões para o monitoramento do terminal por drones, embora a atividade fosse desnecessária e a firma não estivesse habilitada para executá-la.


Aos investigados, estão sendo imputados os crimes de organização e associação criminosa; fraude a licitações e corrupção ativa e passiva, sem prejuízo de eventuais outras implicações penais que possam surgir no decorrer das investigações.


Resposta dos citados


Marcelo Knopfelmacher, advogado do ex-deputado Marcelo Squassoni, considerou a prisão "descabida e desnecessária", e disse que "não há fatos novos que justifiquem a medida". Ele afirmou que vai solicitar a revogação da prisão na Justiça.


Em nota, a atual diretoria da Codesp informou que não comentará assuntos relacionados à operação “Círculo Vicioso”, conduzida pela PF.


"A atual diretoria vem implementando ações pautadas em transparência e nas melhores práticas de gestão e governança, inclusive, contribuindo com órgãos de investigação e fiscalização, além de adotar medidas como o rompimento de contratos com irregularidades e a obrigatoriedade de que novas contratações tenham cláusula anticorrupção", declarou a estatal.


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