Soldado agride mulher com socos no rosto e é morto por colegas policiais em Bertioga

O soldado consumiu cervejas, saiu sem pagar e ainda agrediu a dona do comércio com um soco na boca ao ser cobrado

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  02/09/20  -  19:02
Conhecido pelo apelido de Ponga, Elias estava de folga e à paisana
Conhecido pelo apelido de Ponga, Elias estava de folga e à paisana   Foto: Reprodução

Acusado de roubar e agredir três vítimas em uma comunidade de Bertioga, o soldado Willian Alves Elias, de 29 anos, foi morto em tiroteio com policiais militares que estavam em serviço na madrugada da última terça-feira (1). Um comparsa do suspeito também morreu no confronto. Outro parceiro conseguiu escapar.


Conhecido pelo apelido de Ponga, Elias estava de folga e à paisana. Lotado no 21º BPM/I, ele portava arma de fogo e entrou em um bar no bairro Vicente de Carvalho II, que pertence a um casal de comerciantes. Segundo a dona do comércio, o soldado consumiu cervejas, saiu sem pagar e ainda a agrediu com um soco na boca ao ser cobrado.


O marido da comerciante tentou intervir e também foi agredido por Ponga, que estava acompanhado de Willian Souza Pereira Almeida, de 29 anos, e outro comparsa, identificado apenas por Esteves. O trio foi embora do bar levando a bolsa da mulher, na qual havia o seu RG e a quantia de R$ 35.


Durante a fuga, os suspeitos se depararam com uma viatura da Polícia Militar na Rua Francisco Chaves. Ponga estava armado, reagiu atirando e os policiais em patrulhamento revidaram os disparos. Eles atingiram o soldado e Willian Almeida. Esteves, o terceiro suspeito, conseguiu escapar. Os tiros não acertaram os PMs.


Almeida morreu no local. Ponga chegou a ser levado ao Hospital Municipal de Bertioga, mas também não resistiu aos ferimentos. O caso foi comunicado ao delegado Marcelo Marinha Costa de Oliveira, que o registrou como roubo, lesão corporal e homicídio cometido no estrito cumprimento de dever legal.


A arma de Ponga e de dois policiais militares que participaram do confronto não foram apresentadas na delegacia. Sob a justificativa de que o episódio se trata de crime militar, um tenente as levou ao 21º BPM/I, após elas serem examinadas no local do tiroteio por um perito acionado pelo delegado.


Antes de irem ao bar, Ponga e os comparsas, sem motivo aparente, agrediram a socos um jovem, de 19 anos, nas imediações do estabelecimento. A avó do rapaz disse que o soldado apontou a sua arma para o neto, que ainda teve a roupa rasgada. Os parceiros do agente público se valeram da condição dele para se apresentarem como “policiais”.


Processo de demissão


Com sede em Guarujá, o 21º BPM/I também tem em sua área de atuação os municípios de Cubatão e Bertioga, onde estão instaladas, respectivamente, as 3ª e 4ª companhias. O soldado Elias já atuou em Bertioga, mas atualmente se encontrava em Guarujá, “afastado do serviço operacional por condutas incompatíveis”, conforme nota da PM.


O comunicado oficial não revelou quais são essas condutas incompatíveis. No ano passado, conforme A Tribuna apurou, Ponga foi alvo de investigação de tráfico de drogas realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, que contou com o apoio da Corregedoria da PM.


Segundo a nota da Polícia Militar, o soldado Elias respondia a “processo demissório na esfera administrativa”. O comunicado também informou que o “outro criminoso” (Willian Almeida) tinha antecedentes por tráfico de drogas e cumpria a pena em regime de prisão domiciliar. A arma usada por eles era um revólver com a numeração raspada.


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