São mais de 1 milhão de visualizações no YouTube, milhares de seguidores nas redes sociais e uma carreira que estava em expansão. Mas, agora, o cantor sertanejo e empresário Almir Matias da Silva deve explicações à Justiça Federal por supostos desvios milionários na Saúde de Guarujá e Cubatão. Ele foi preso nesta quarta-feira (31), na casa onde morava em São Paulo.
As investigações da Polícia Federal (PF) apontam que Almir controla diversas organizações sociais prestadoras de serviços à saúde pública, e que parte do dinheiro repassado a elas seria desviado para financiar sua carreira como cantor.
Em sua conta no YouTube, criada em dezembro de 2020, o empresário, que adotou 'Mattias' como sobrenome artístico, tem mais de 1 milhão de reproduções e quase 5 mil inscritos.
Os clipes 'Princesa da Disney' e 'O Nome Dela é Cachaça' são os mais vistos, com 459 mil e 328 mil reproduções, respectivamente. Outro número que chama atenção são o de curtidas: Mil na primeira música e 4,2 mil na segunda. O músico também é autor de 'Pode Montar', 'Pra Quem Faz o Agora' e 'Dois Amantes'.
No Spotify, o sertanejo possui quase 39 mil ouvintes mensais, além de sons ultrapassando as 100 mil reproduções. No Instagram, Almir é seguido por mais de 34 mil usuários.
Desvio de dinheiro público
As investigações da PF apontam que Almir Matias é operador das organizações sociais Pró-Vida, Revolução e Imegas (Instituto Medicina Especializado em Gestão e Assistência à Saúde), que teriam desviado aproximadamente R$ 125 milhões dos cofres públicos.
Grande parte do valor se deu em Guarujá, campo de atuação da Pró-Vida: R$ 109.492.338,04. Outros R$ 12.611.890,67 teriam sido desviados com intermédio da OS Revolução, que atuou em Cubatão e Caçapava, no Vale do Paraíba.
Já a Imegas teria intermediado o desvio de R$ 2.794.000,00 quando foi contratada sem licitação para gerir a UPA Jardim Casqueiro, em Cubatão, no ano de 2017. A PF indica que o dinheiro seria usado para impulsionar a carreira de Almir na música.
Prisão
O empresário foi capturado pela Polícia Federal nesta quarta-feira (31), na casa onde morava em São Paulo. Ele foi trazido para a delegacia da PF em Santos, onde esteve acompanhado do advogado José Eduardo dos Santos. De lá, Almir passou por exames no Instituto Médico-Legal (IML) de Praia Grande.
A prisão preventiva de Almir foi decretada pelo juiz Roberto Lemos dos Santos Filho, da 5ª Vara Federal Criminal de Santos. Além da PF, o Ministério Público Federal (MPF) também se manifestou favorável à detenção do empresário.
O mandado de prisão fez parte da Operação Ar Puro, deflagrada pela PF e que teve como objetivo apurar a compra de respiradores ineficazes contra a covid-19 em 2020. As máquinas não tinham autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para serem utilizadas.
A aquisição foi feita pela OS Pró-Vida e os aparelhos seriam direcionados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Rodoviária, em Guarujá. Segundo a Prefeitura, os respiradores não foram usados em pacientes.
"Foi decretada a prisão preventiva dele em face de um inquérito policial, onde investiga a compra de respiradores na cidade de Guarujá. No decorrer da apuração do inquérito e possível instrução processual, serão apresentados os elementos da defesa", declarou o advogado de Almir, José Eduardo dos Santos.
Se condenado, Almir Matias pode pegar de 11 a 18 anos de prisão e multa em função de crimes contra a saúde pública e organização criminosa.