Professor é agredido com socos e pontapés por pais de aluno em escola no Litoral de SP

Estudantes e outros professores ficaram apavorados com a situação

Por: ATribuna.com.br  -  17/04/24  -  06:35
Atualizado em 17/04/24 - 12:50
O professor foi agredido do lado de fora da unidade de ensino
O professor foi agredido do lado de fora da unidade de ensino   Foto: Reprodução/Redes Sociais

Um professor da rede municipal de ensino de Itanhaém, no Litoral de São Paulo, foi brutalmente agredido por pais de um aluno na última sexta-feira (16), no estacionamento da Escola Municipal Bernardino de Souza Pereira, na Rua Iguaçu, no bairro Jardim Corumbá. Em protesto, funcionários da unidade fizeram uma paralisação nesta terça-feira (16) contra a violência aos profissionais de educação.


Clique aqui para seguir agora o novo canal de A Tribuna no WhatsApp!


Em entrevista para A Tribuna, uma professora, que representa os funcionários durante a paralisação, explica que o aluno que motivou as agressões estuda em outra unidade, e a causa da brutalidade cometida teria sido uma desavença entre o educador e o menor.


Professor agredido

A vítima das agressões é professor substituto, e ministra aulas em outras escolas da cidade. No momento da violência, a representante explica que ele estava chegando para dar as aulas do período da tarde. “Houve algum desentendimento, um ruído de comunicação na outra escola entre o professor e um aluno autista. Esses pais consideraram que o professor foi agressivo ou preconceituoso com o filho deles.”


“Tiveram uma informação privilegiada por parte da direção da outra escola. Informaram para eles que o professor lecionava aqui. Ou seja, escancararam os seus dados pessoais. O pai e a mãe desse menino vieram aqui na nossa unidade e violentamente agrediram o professor”, comenta.


A representante aponta que o profissional sempre teve uma postura exemplar na escola e que, independente do que tivesse acontecido entre os envolvidos, o caso deveria ter sido apurado em vez de ter se tornado violência. “Resolveram fazer uma tocaia, porque eles ficaram por uma hora no nosso estacionamento, premeditadamente esperando o professor chegar”.


“Quando ele chegou, era horário de entrada dos nossos alunos. Aliás, nossos alunos PCDs. Eles estão alegando que o professor teria sido desrespeitoso com o filho deles e fazem o mesmo com os outros alunos de nossa comunidade? Partiram para cima do professor dando socos e pontapés, derrubaram ele da bicicleta. Bateram com chave de carro na cabeça dele, no rosto e chegaram a quebrar uma costela dele”.


Ela ainda ressaltou que a agressão continuou mesmo com o professor ferido, tentando escapar. A mãe do aluno que ele teria destratado, e praticou a agressão, inclusive, é funcionária pública. Os pais invadiram a escola e bateram mais ainda no profissional dentro da secretaria. Ela acredita que o casal estava decidido a causar uma tragédia. “Uma professora acompanhou toda a confusão. Ela e os alunos da sala de baixo acharam até que era um massacre, ficaram extremamente apavorados.”


O professor está traumatizado e ainda com muitas dores, afirma a representante. Ele já recebeu alta hospitalar e se comunica por mensagem com os profissionais da unidade de ensino enquanto ainda está afastado. “A gente (professores) se sente indignado, de mãos atadas e vulneráveis", relata.


Paralisação

Para não prejudicar os alunos, a paralisação que aconteceu nesta terça-feira (16) foi apenas durante parte do período. Uma carta aberta foi publicada em nome de todos os profissionais. No texto, citam que outros colaboradores também se machucaram enquanto tentavam separar os agressores.


“Esta paralisação, sobretudo, tem a intenção de tornar pública toda violência verbal, física e psicológica sofrida pelos profissionais da Educação diariamente em seu ambiente de trabalho. Contamos com a compreensão e apoio de toda comunidade escolar”, cita a carta aberta.


Investigação

A Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP) informou, em nota, que o caso foi registrado como lesão corporal na Delegacia Eletrônica. Além disso, também explicou que, após as agressões, os autores fugiram do local do crime. A vítima foi orientada quanto ao prazo para representação criminal.


A Prefeitura de Itanhaém, por meio da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes, repudiou o caso e prestou solidariedade ao professor, citando que ele foi agredido covardemente. Sobre o caso, a Administração garantiu que todas as medidas legais foram tomadas e um processo administrativo foi iniciado para investigar a conduta da mãe do aluno, que é funcionária pública municipal.


“Estamos oferecendo todo o suporte necessário ao professor e à equipe da escola, que ainda está abalada com este ato de brutalidade e violência”, ressaltou a Administração Municipal.


Logo A Tribuna
Newsletter