Polícia salva homem de execução na Favela Pantanal, em Santos

Vítima, de 33 anos, foi encontrado em um cativeiro localizado em um barraco da comunidade, utilizado por facção criminosa

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  20/12/18  -  16:22

Policiais da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) salvaram um homem que estava na iminência de ser executado por marginais durante sessão de tribunal do crime, na Favela Pantanal, em Santos.


A libertação da vítima, que tem 33 anos, aconteceu por volta das 10h de quarta-feira (19), durante operação deflagrada pela Polícia Civil na região. O cativeiro onde o homem estava é um barraco sem numeração situado em uma viela da Rua Cananéia. O local é utilizado por criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC) como depósito de drogas e tribunal da facção.


“Quando chegamos ao barraco, nos deparamos com um adolescente de 15 anos espetando a vítima com a ponta de uma faca. O homem estava amarrado com fios e bastante ferido. Era só questão de tempo para ele ser eliminado”, relatou o investigador Lival Feijó.


Homem seria morto por facção, mas foi salvo pela Polícia Civil
Homem seria morto por facção, mas foi salvo pela Polícia Civil   Foto: Divulgação


No imóvel, foram apreendidos um tonel de 25 litros e 28 frasquinhos contendo lança-perfume, 319 cápsulas de cocaína, 68 filetes de maconha, balança, rádio de comunicação, sete folhas com anotações sobre a venda de drogas e 47 munições de diversos calibres (7.65, 357, 38, .40 e 380). Sob o comando do delegado Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior e do chefe dos investigadores Paulo Carvalhal, Feijó e o policial Sílvio Vassão já realizavam diligências para descobrir a localização do barraco.


Infrator é enteado


O adolescente é enteado da vítima e ligado ao crime organizado, mas disse aos policiais que ele, sozinho, amarrou o padrasto e o levou ao barraco durante a madrugada.


O menor infrator justificou que o padrasto é usuário de drogas e estava “causando” em casa e na comunidade. A equipe da DIG apurou que, de fato, a vítima estava desagradando criminosos da favela, por causar tumultos sob efeito de entorpecentes.


Porém, a versão de que o adolescente agiu sozinho está descartada. Há informações de que, pelo menos, oito homens renderam a vítima e a levaram ao cativeiro, incumbindo o enteado de vigiá-la até o momento do assassinato.


Em razão da gravidade dos crimes (tentativa de homicídio, cárcere privado, tráfico de drogas, posse ilegal de munições e organização criminosa), o delegado Leonardo José Piccirillo determinou a remoção do adolescente à carceragem do Núcleo de Atendimento Integrado (NAI).


Conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a mais severa medida socioeducativa que poderá ser imposta ao enteado da vítima é a internação pelo período de até três anos. As investigações prosseguem para identificar e prender os demais envolvidos no tribunal da facção.


O adolescente foi ouvido na DIG na presença de sua mãe, companheira do homem libertado. Com medo de sofrer represálias, após as formalidades de praxe na delegacia, a vítima seguiu direto até a Rodoviária, escoltada por policiais, e embarcou em um ônibus apenas com a roupa do corpo. Por razões óbvias de segurança, o destino da viagem não foi revelado.


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