Polícia Civil prende médico que seria cúmplice de assassinato em hospital do litoral de SP; VÍDEO

Detido durante o plantão, ortopedista é suspeito de facilitar a entrada de homens que executaram paciente

Por: Régis Querino  -  16/05/22  -  21:11
Atualizado em 17/05/22 - 07:28
Médico Alexandre Pedroso, de 54 anos, foi preso na tarde desta segunda-feira (16), durante plantão no Hospital Santo Amaro
Médico Alexandre Pedroso, de 54 anos, foi preso na tarde desta segunda-feira (16), durante plantão no Hospital Santo Amaro   Foto: Reprodução

O médico Alexandre Pedroso, de 54 anos, foi preso na tarde desta segunda-feira (16), durante plantão no Hospital Santo Amaro, em Guarujá, litoral de São Paulo, pela equipe da 3ª Delegacia de Homicídios de Santos, que cumpriu um mandado de prisão temporária numa investigação de homicídio qualificado e organização criminosa.O ortopedista é suspeito de facilitar a entrada de dois homens que executaram Gilianderson dos Santos, no dia 24 de abril passado, no mesmo hospital.

Pedroso também é investigado em outro inquérito, que apura a apreensão de 64,5 kg de drogas em sua casa, em um condomínio de luxo de Guarujá, em outubro de 2021.(Veja mais abaixo o momento da prisão)


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Segundo o delegado Thiago Nemi Bonametti, o médico vinha sendo monitorado desde a semana passada, pois havia o risco de que ele fugisse. Pedroso foi detido durante o expediente no hospital e, em princípio, de acordo com Bonametti, ficou muito nervoso e exaltado. Após busca pessoal, os policiais encontraram um pó branco, “aparentemente cocaína”, e uma quantia em dinheiro, não revelada, em posse do médico.


“Os indícios são considerados suficientes para decretação de prisão temporária de 30 dias, para conseguir investigar com mais detalhes o crime (de execução), porque existe o envolvimento de outras pessoas. Há indícios de ele (médico) ter ajudado de alguma forma os executores do crime”, disse Bonametti.

O delegado confirmou que o assassinato de Gilianderson seria uma retaliação da facção criminosa, “que precisava com muita intensidade matar esse indivíduo antes que ele saísse do hospital”.


Após a prisão no hospital, a polícia fez uma diligência de busca e apreensão na casa do médico, no condomínio Acapulco, em Guarujá, com a presença do advogado e de um filho de Alexandre Pedroso, mas nada de irregular foi encontrado.


Elo com facção e tráfico de drogas

Alexandre Pedroso também é investigado em outro inquérito da Polícia Civil, que apura a possível ligação do médico com o tráfico de drogas. Em outubro de 2021, policiais civis cumpriram um mandado de busca e apreensão na mesma casa do Jardim Acapulco e apreenderam 53 quilos de cocaína e 11,5 quilos de crack. Não houve prisão, já que no momento da operação não havia ninguém na residência.


“As Investigações apontam a ligação desse médico com a facção criminosa, não apenas para o homicídio, mas também com relação ao tráfico de drogas, fato já investigado por outras unidades policiais. Pelo que se apura, há notícias dele tratar indivíduos envolvidos com o crime, que o procuram para buscar tratamento médico, sem que haja alarde”, afirmou Bonametti.


Alexandre Pedroso recebeu o título de cidadão de Guarujá em 2018. O título foi proposto, à época, pelo vereador Wanderley Maduro, com a aprovação dos outros 17 vereadores.


Mais evidências

O vídeo do circuito interno do Hospital Santo Amaro, que mostra a execução de Gilianderson dos Santos, no dia 24 de abril, é apenas um indício da participação do médico no crime. As imagens, que viralizaram na internet, mostram o momento em que Alexandre Pedroso e uma enfermeira passam ao lado da vítima, que aguardava a liberação do hospital em uma cadeira de rodas. Segundos depois, dois homens, de capacete, entram no setor e executam Gilianderson com tiros na cabeça.


Crime foi flagrado por câmeras de segurança do hospital
Crime foi flagrado por câmeras de segurança do hospital   Foto: Reprodução/Guarujá Mil Grau

“São indícios, mas além daquelas imagens, pegamos outras durante uma semana de trabalho intenso que mobilizou toda a equipe da delegacia para angariar mais elementos. Não posso revelar, mas temos mais coisas do que as imagens e foi isso que nos levou a fazer o pedido (de prisão), que foi rapidamente apreciado pelo Ministério Público e pelo Judiciário”, disse o delegado, confirmando que a alta da vítima não seguiu os padrões corriqueiros do hospital.


Segundo Thiago Nemi Bonametti, se for indiciado por homicídio qualificado e crime de organização criminosa, Alexandre Pedroso pode ser condenado a uma pena mínima de 12 anos de prisão. Por questões de segurança, o delegado não revelou o local onde o médico ficaria detido, mas disse que ele ficaria preso em uma cadeia pública, aguardando a audiência de custódia nesta terça-feira.

A Reportagem não conseguiu localizar o advogado de defesa do médico até a publicação da matéria.

Veja o momento da prisão:


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