PMs são afastados por agredir, xingar e ameaçar comerciante no Litoral de SP; VÍDEO

Câmeras registraram momento da abordagem abusiva do homem

Por: ATribuna.com.br  -  18/04/24  -  12:22
Atualizado em 18/04/24 - 14:04
Alessandro foi abordado por ao menos três policiais em Guarujá, Litoral de São Paulo
Alessandro foi abordado por ao menos três policiais em Guarujá, Litoral de São Paulo   Foto: Arquivo pessoal

Um comerciante de 38 anos relatou a reportagem de A Tribuna nesta quinta-feira (18), que foi alvo de uma abordagem abusiva e agressiva por parte de agentes do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep). Alessandro Coelho de Oliveira é dono de uma peixaria que fica na Avenida Tancredo Neves, no bairro Cachoeira, em Guarujá, e afirma que os policiais o chamaram de “ladrão”, lhe deram um soco, mas quando não encontraram nada ilícito, foram embora. Até o momento, ele não sabe o que teria motivado a abordagem. Em nota, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP-SP) disse que os agentes foram afastados. (Confira o posicionamento no final da matéria)


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Alessandro conta que é dono da peixaria há oito anos e é conhecido por todos no bairro. O fato ocorreu na última terça-feira (16), por volta das 9h50. Ele conta que alguns funcionários estavam descarregando mercadorias, e quanto ele estava saindo do banheiro, foi surpreendido pelos agentes que já apontavam uma arma para ele.


Conforme um termo de declarações registrado por ele e o advogado de defesa junto ao 2º Baep de Santos, os policiais não informaram do que se tratava a ação e o chamaram de “ladrão”, “bandido” e “vagabundo”. Ele ainda conta que os policiais disseram frases como: “vou quebrar a sua cara” e “te meter bala”.


Os agentes ainda teriam questionado se Alessandro tinha passagens criminais. Em resposta, o comerciante confessou que havia sido preso por furto entre 2012 e 2016, mas teria pagado por isso, e mais nada de ilícito teria cometido. “Não devo nada para a justiça, hoje em dia eu sou um novo homem, tenho minha peixaria há oito anos. Não faltaria com respeito com eles em nenhum momento”, afirma.



Mesmo informando que havia feito uma cirurgia recente de vasectomia, Alessandro conta que os PMs chutaram uma das pernas dele para abri-las durante a abordagem. Com isso, ele relata que um dos pontos abriram e por isso, teve que passar por atendimento médico para reparar o ferimento.


Toda a ação foi registrada por câmeras de segurança do local e por um dos filhos de Alessandro. Nas imagens, o comerciante aparece parado, com as mãos para trás, enquanto é questionado por ao menos três policiais. Em seguida, o PM o pega pela gola da camiseta e lhe dá um soco.


“Em todo o momento, eu falei pra eles que era o dono da peixaria, não era ladrão, nem bandido. Eu falei para eles me respeitarem, que eu também os respeitaria. Nisso eles me agrediram. Eles ainda falaram que iam me levar preso por desacato, mas disse que tinha provas que isso não estava acontecendo, pois assim como eles, eu também tinha câmeras que estavam filmando a ação”, relata o comerciante.


No áudio das imagens, é possível perceber o choro de uma criança. Ela é a filha de 7 anos de Alessandro. Ele conta que a menina ficou muito assustada com a situação.


Conforme o termo de declarações registrado, o carro de Alessandro também foi revistado, mas nada de ilícito foi encontrado, sendo somente os documentos do comerciante, o celular dele e notas de entrega. Como viram que a situação de Alessandro estava dentro das conformidades, os policiais foram embora logo em seguida.


“Me senti um cidadão desrespeitado, ofendido e envergonhado, pois estava no meu comércio. Fico muito triste pela minha filha que estava na hora e viu essa cena e ficou chorando, sem poder fazer nada. Peço mais respeito pela população, pois os trabalhadores as vezes pagam pelo erro dos outros”, comenta.


Defesa

Segundo o advogado de defesa de Alessandro, Antônio Pacheco, contratado por conta do ocorrido, o poder judiciário será acionado em breve. A pretensão é protocolar um processo nos âmbitos civil e administrativo, por danos morais em razão do constrangimento vivenciado pelo comerciante.


“Ele está se sentindo humilhado, pois ele é empresário na região e o ocorrido o constrangeu ao ser abordado de forma agressiva na frente de sua família e dos populares, sendo chamado de ladrão, vagabundo, e por ter sido agredido injustamente pelo policial. Por isso, ele buscará seus direitos na justiça”, afirma o advogado.


SSP

Em nota, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP-SP) declarou que os agentes envolvidos na abordagem foram afastados. Confira o posicionamento na íntegra.


A Polícia Militar esclarece que os policiais envolvidos foram identificados e afastados de suas funções enquanto os fatos são investigados por meio de Inquérito Policial Militar. É importante ressaltar que a conduta registrada nas imagens não está de acordo com os procedimentos operacionais da Polícia Militar.


A abordagem policial deve obedecer aos parâmetros técnicos disciplinados por Lei e são padronizados por meio dos chamados Procedimentos Operacionais Padrão. Qualquer conduta em desconformidade com esses princípios e protocolos é apurada em suas esferas disciplinar e/ou penal.


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