Pedreiro confessa assassinato de advogada e marido em Peruíbe e relata ameaça da vítima

Antônio Ferreira contou que Marleni Fantinel Ataíde Reis teria dito que iria matar ele e a família

Por: Eduardo Velozo Fuccia  -  13/11/18  -  22:27
Antônio estava foragido desde a tarde do último dia 3, quando ocorreu o crime, na chácara do casal
Antônio estava foragido desde a tarde do último dia 3, quando ocorreu o crime, na chácara do casal   Foto: Fábio Garcez/TV Tribuna

Ao confessar durante interrogatório ter assassinado a advogada Marleni Fantinel Ataíde Reis, de 68 anos, e o marido dela, o estivador Márcio Ataíde Reis, de 46, o pedreiro Antônio Ferreira, de 61, admitiu ter feito uma “besteira” e justificou o crime ao fato de ter sido ameaçado de morte pelo casal horas antes do duplo homicídio.


Com prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça, Antônio estava foragido desde a tarde do último dia 3, quando ocorreu o crime, na chácara do casal. No início da noite da última segunda-feira (12), diante da iminência de ser localizado e preso, ele se apresentou na Delegacia de Peruíbe acompanhado de advogado.


Os delegados Arilson Veras Brandão e Marcos Roberto da Silva interrogaram o acusado. Também acompanharam o ato os advogados Oscar Santos de Carvalho e Ênio Pestana, respectivamente, defensor do pedreiro e representante das famílias das vítimas.


Ação judicial


Antônio foi processado por uma filha da advogada porque adquiriu um Fusca dela, não realizou a transferência do carro e multas de trânsito após a data da transação estavam recaindo sobre a antiga proprietária. Por esse motivo, a Justiça condenou o pedreiro em junho deste ano a pagar indenização de R$ 2 mil por dano moral.


Questionado pelos delegados sobre essa demanda e a sua relação com o duplo homicídio, o pedreiro alegou que não transferiu o Fusca para o seu nome porque não havia recebido a documentação do carro para adotar tal providência.
Ainda conforme a versão do acusado, em determinada ocasião, Marleni solicitou os documentos pessoais dele sob a justificativa de transferir a propriedade do veículo, mas acredita que a documentação foi utilizada para o ajuizamento da ação cível.


Ameaças e tiros


O assassino confesso da advogada e do estivador declarou que, devido ao desentendimento por causa do Fusca, passou a sofrer “ameaças verbais” de Marleni. O pedreiro inclusive acusou Marleni de efetuar dois disparos em sua direção, mas sem acertá-lo.


Antônio não soube informar a data dos supostos tiros e disse que não chegou a registrar boletim de ocorrência deste fato e das ameaças anteriores. Porém, o estopim para o duplo do homicídio foi no próprio dia 3, por volta das 14 horas, conforme narrou.
O pedreiro declarou que pedalava uma bicicleta e o casal passou por ele em uma caminhonete. Marleni, então, colocou a mão para fora, simulou portar uma arma de fogo e disse: “Hoje você vai morrer! Vou matar você, sua família e sua neta”.


Antônio decidiu se entregar na última segunda-feira, em Peruíbe
Antônio decidiu se entregar na última segunda-feira, em Peruíbe   Foto: Divulgação/Polícia Civil

Esconderijo nas pedras


Em relação à forma como matou as vítimas, o pedreiro contou que entrou no sítio delas pela cerca da frente e bateu palmas para ser atendido. Márcio se aproximou e recuou ao perceber o pedreiro armado, sendo baleado uma vez nas costas. O tiro foi dado com uma espingarda calibre 28 de cano duplo, que Antônio afirmou ter herdado do pai falecido.


Na sequência, armado com um facão e uma faca de caça, o pedreiro foi em direção à advogada, que teria reagido e entrado em luta corporal. O facão caiu na piscina da chácara de Marleni. Na sequência, Antônio utilizou a faca de caça para golpeá-la. Ele não soube informar quantas facadas desferiu, mas disse que foram mais de duas.


Durante o período em que permaneceu foragido, Antônio se refugiou em uma área de mata próximo ao Rio Piraquara e, depois, em pedras do Morro do Guaraú, onde se alimentou de palmito, mariscos e ostras. Em relação à faca e à espingarda, disse que as dispensou na fuga.


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