Autoescola fecha e some com dinheiro de clientes no litoral de SP: 'Levamos um golpe'

Segundo os alunos, o estabelecimento fechou e não notificou ninguém

Por: ATribuna.com.br  -  12/08/22  -  17:03
A fachada da antiga autoescola Mônica, que atendia como Prime, em Praia Grande
A fachada da antiga autoescola Mônica, que atendia como Prime, em Praia Grande   Foto: Reprodução/Redes Sociais

Alunos da autoescola Prime, em Praia Grande, litoral de São Paulo, alegam ter levado um golpe do novo dono. Eles afirmam que fizeram o pagamento completo para tirar habilitação pelo local. A autoescola, porém, teria trocado de dono e foi fechada sem aviso prévio. Agora, os clientes lutam para conseguir o dinheiro de volta ou terminar o curso.


Localizado na Avenida Clodoardo Amaral, no Ribeirópolis, o estabelecimento na época era chamado autoescola Mônica. Em entrevista para A Tribuna, o auxiliar de montagem Rafael Souza Santos, de 27 anos, contou que fechou contrato em abril deste ano, pagando o valor de R$ 1,3 mil à vista.


Pouco tempo depois de ter comprado o serviço, o estabelecimento foi vendido e trocou de nome para autoescola Prime. Segundo Santos, o novo dono pedia para que os alunos fizessem aulas em uma unidade parceira.


O auxiliar de montagem afirma que chegou a fazer a prova teórica do Centro de Formação de Condutores (CFC), porém, ao retornar para marcar as aulas de direção, se deparou com o sumiço.


“Quando eu fui os procurar para fazer uma aula prática de moto e carro, cheguei no local e não estava mais no mesmo endereço. A proprietária da loja, que eles alugaram, falou que eram dois sócios e um deles fechou, pegou os equipamentos e fugiu”, explica.


Rafael está há mais de três meses tentando contato com os responsáveis da autoescola, mas não consegue. Relata ter tentado de tudo, porém ninguém responde suas inúmeras tentativas. O auxiliar acredita ter caído em um golpe. “Sumiram”, afirma.


Sua frustração é semelhante a da motorista de aplicativo Denise Biadene, de 41 anos, que deu a habilitação de presente de aniversário para a filha, que tinha completado 18 anos.


“A gente foi na autoescola Mônica em abril e pagamos à vista. Depois ela fechou e virou Prime. Depois que ela fez as aulas teóricas, fomos até lá para agendar a prova, chegamos lá e estava fechado com placa de aluga-se, tentamos contato por telefone e não atendem mais”, conta.


Denise explicou que, segundo o contrato social, existem dois sócios responsáveis pelo estabelecimento. Um deles, dono de outra autoescola, que foi procurado por ela e disse que tinha saído da sociedade antes do local fechar.


“Nem tem contato, você vai na autoescola e está fechada, os telefones que estão lá na placa ninguém atende, no WhatsApp ninguém responde. Nós pagamos o valor de mil reais”, afirma.


Agora a motorista pretende entrar com uma ação contra o estabelecimento para conseguir um possível ressarcimento, enquanto isso colocará sua filha em outra autoescola. “Ela ficou super triste e não adianta a gente ficar esperando porque a primeira habilitação tem o prazo de um ano. Se demorar vamos ter que pagar todos os exames novamente”, explica.


Por sua vez, a auxiliar de escritório Gabriely Vieira Santana Guedes dos Santos, de 22 anos, afirmou ter fechado contrato com a autoescola Prime após ver uma promoção para os 20 primeiros a fecharem.


“No dia 9 de março desse ano, eu vi uma postagem no Facebook sobre a autoescola de uma promoção de R$ 1.3 mil e eu confiei. Como um amigo do meu irmão já tinha feito na autoescola Mônica, ele me falou que mudou e ia ficar melhor. No mesmo dia, mandei mensagem e paguei por Pix à vista”, comenta.


A jovem tentou contato com a autoescola de um dos sócios, que afirmou ter saído da sociedade, e ofereceram uma promoção para ela para continuar o processo de habilitação em seu estabelecimento.


Gabriely conta ter conseguido terminar as aulas teóricas também e aguarda pelas práticas para conseguir a habilitação. Também relata ter tentado contato com todos números disponíveis, mas não foi respondida. “Levamos um golpe”, conclui.


Os alunos que tentam concluir o processo de habilitação ou um ressarcimento por parte do estabelecimento criaram um grupo no WhatsApp para ajudar a tomar as providências cabíveis. Atualmente, 19 pessoas estão neste grupo buscando por respostas.


Até o fechamento desta Reportagem, a autoescola Prime não respondeu às tentativas de contato e nem se posicionou quanto às acusações.


Detran
O Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran.SP) informou que o CFC encerrou por conta própria suas atividades e que os alunos matriculados devem comparecer à unidade integrada ao Poupatempo em Praia Grande para solicitar transferência do processo de habilitação para outra autoescola.


Ainda reforçou que todas as aulas realizadas ficam registradas no sistema do Detran.SP, o que possibilita a continuação de onde o aluno parou. Nenhuma taxa é cobrada pelo departamento ao realizar a transferência, porém a nova autoescola cobrará pelos serviços.


O departamento também explicou que as autoescolas são empresas privadas e os valores são pagos diretamente aos estabelecimentos. Devido a isso, apenas seus proprietários devem ser cobrados por ressarcimentos.


O Detran.SP informou que cabe ao aluno, que for prejudicado pelo estabelecimento comercial, exigir seus direitos junto aos órgãos de defesa do consumidor, como o Procon, ou à Justiça.


Há um canal de Ouvidoria do Detran em seu site (www.detran.sp.gov.br), onde é possível formalizar reclamações sigilosas sobre irregularidades por parte das autoescolas.


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