Agentes mortos em tiroteio na Baixada Santista eram PM aposentado e guarda civil de Praia Grande
Eles foram atingidos por agentes do COE, que confundiram as vítimas com criminosos
Vítimas do tiroteio que aconteceu na quarta-feira (25) em Cubatão, Reginaldo dos Santos Conceição, de 53 anos, e Wagner Moreira Coelho, de 44, eram policial militar aposentado e guarda civil municipal, respectivamente. Eles prestavam serviços para uma empresa de segurança patrimonial quando foram atingidos por agentes do Comando de Operações Especiais (COE), que confundiram as vítimas com criminosos que tentaram roubar a carga de um trem.
Em nota, a Polícia Militar (PM) lamentou "imensamente" o caso e explicou que Reginaldo era 3º sargento PM e estava inativo desde 2018. Wagner, por sua vez, atuava na GCM de Praia Grande. Segundo a Prefeitura, ele integrava o quadro da Guarda Civil desde julho de 2012.
“No momento do fato ele não estava a serviço pela corporação. O comando da GCM e a Secretaria de Assuntos de Segurança Pública (Seasp) estão acompanhando as investigações junto à Polícia Militar e Polícia Civil, que estão à frente do caso”, garantiu a Administração Municipal.
A PM informou que, por volta das 18h20 desta quarta, o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) recebeu uma denúncia pelo telefone de emergência sobre um furto de carga em vagões de um trem que estava parado na linha férrea na Vila Esperança.
“A ocorrência foi transmitida às equipes do Comando de Operações Especiais (COE) que estavam em operação nas proximidades e, de pronto, atenderam ao chamado”, diz a nota da corporação.
Ao chegarem ao local, os policiais começaram a andar pelo terreno em direção à parte de trás do trem. No entanto, em determinado momento, a equipe identificou alguns homens roubando mercadorias da locomotiva. Segundo a PM, os indivíduos começaram a atirar contra a corporação ao notar a presença policial.
Ainda de acordo com a Polícia Militar, neste mesmo momento, cerca de quatro funcionários da empresa de segurança patrimonial que estavam na parte de trás do trem, ouviram os disparos e foram em direção ao som dos tiros, notando alguns homens fugindo armados pelo matagal.
Além disso, eles viram um homem com arma longa próximo ao trem e, sem identificá-lo como PM, começaram a atirar. “Os policiais militares do COE, por sua vez, ao perceberem que estavam sendo alvos de tiros, responderam à agressão, ocasião em que feriram três dos agressores, os quais, somente após neutralizados, foram identificados como seguranças patrimoniais da empresa concessionária da linha férrea”.
A Polícia Militar garantiu que só identificou os feridos com os documentos, já que não estavam uniformizados nem utilizando viaturas caracterizadas da empresa. Além das duas vítimas fatais que morreram no local, um policial penal que atua em São Vicente foi baleado no pé e socorrido ao Pronto-Socorro de Cubatão.
Em nota, a corporação reforçou o compromisso com a verdade e proteção das pessoas e garante que se colocou à disposição em “apoio no que for possível às famílias das vítimas”, incluindo assistência psicológica.
Procedimentos
De acordo com a PM, três indivíduos foram detidos e encaminhados à Delegacia de Cubatão como suspeitos pela prática de furto aos vagões de trem.
Além disso, as armas usadas na ocorrência foram apreendidas e o local foi periciado. Com todos os fatos registrados pelas polícias Civil e Militar, as investigações complementares continuarão.
Vale lembrar que o caso aconteceu um dia depois da PM começar uma megaoperação para combater a série de saques e ataques a trens de carga na Baixada Santista. Segundo a corporação, de março de 2022 para cá, foram registrados 68 casos de furto de diferentes cargas que passam pelas ferrovias da região rumo ao Porto de Santos.
