“Peço justiça. Que ele pague pelo que fez, porque acabou com a vida da minha família”. O desabafo é da mãe do adolescente de 13 anos, suposta vítima de pedofilia no vestiário do Sesc-Santos, na Aparecida, na quinta-feira (31 de janeiro) à noite. “Vi uma cena muito triste: meu filho e esse indivíduo nus”, acrescentou o pai.
Em entrevista exclusiva concedida neste domingo (3) para A Tribuna, a mulher e o seu marido comentaram sobre o abuso sofrido pelo filho. Acusado do ataque, um sócio do clube, de 52 anos, foi autuado em flagrante pelo crime de tentativa de estupro de vulnerável e encontra-se na cadeia à disposição da Justiça.
A mãe do garoto nada presenciou, mas relatou como têm sido os dias subsequentes ao episódio. “Meu filho está muito assustado. Não quer frequentar mais o Sesc, por enquanto. Chora muito e está abalado. Mexeu muito com a cabeça do meu filho isso tudo”.
Ela aproveitou a entrevista para fazer um apelo: “Gostaria que, se tivesse mais alguma vítima desse rapaz, se manifestasse e fosse até a polícia para fortalecer este caso. Acredito que não foi só o primeiro e o que ele fez é crime. Mexeu com uma criança indefesa”.
Busca pelo vestiário
O adolescente estava na piscina e disse ao pai que iria ao vestiário. A princípio, o pai imaginou que o menino fosse realizar necessidade fisiológica. Passados cerca de dez minutos, o garoto não voltou e, preocupado, o homem foi procurá-lo.
Inicialmente, o menino foi procurado na área dos sanitários. Sem encontrá-lo, o pai se dirigiu à ala dos chuveiros, que são separados por boxes individuais com portas. Na frente delas, na parede, estão afixados ganchos para a colocação de tolhas e mochilas.
Ao perceber a mochila do filho pendurada na frente de um box, cuja porta estava trancada por dentro, o pai o chamou, mas não obteve resposta. Logo em seguida, uma voz de adulto disse que não havia ninguém com aquele nome.
“Achei estranho, fui verificar por debaixo da porta e vi duas pessoas. Não reconheci dois pés como sendo do meu filho. Mas, inconformado, fui ao box ao lado, que estava vazio, e tentei visualizar por cima. Logo em seguida foi aberta a porta e vi uma cena muito triste: meu filho e esse indivíduo nus”, detalhou o pai.
Questionado sobre o fato de o filho não ter respondido ao seu chamado, o pai respondeu: “Ele disse que o homem colocou a mão na boca dele e o deixou sem ação”. O responsável pela vítima também declarou que o acusado “ligou o chuveiro para disfarçar”.
Em relação à abordagem, o homem apurou com o filho que o menino foi ao box para tomar banho e sequer tirou a sunga. Depois, o garoto se dirigiu até o espelho para se pentear e percebeu que havia esquecido a carteirinha do clube no compartimento do chuveiro.
Ao retornar ao local de banho, o sócio de 52 anos já estava ali. Do lado de fora, o menino solicitou a devolução da carteirinha e o adulto pediu para que entrasse. “Ele não quis e foi puxado para dentro do box e trancado. Ficou sem reação, mas logo em seguida eu cheguei”, emendou o pai.
“Perdi a cabeça na hora. Perguntei por que ele estava como meu filho lá dentro. Ele ficou sem ação, tentou falar algo, mas sem fundamento”, prosseguiu o pai. Pessoas que estavam no vestiário ficaram indignadas, mas logo seguranças do Sesc intervieram e acionaram a Polícia Militar.