Investigação indica que celulares de jornalistas foram espionados em El Salvador

Os aparelhos de pelos menos 35 jornalistas e ativistas foram invadidos por software de espionagem

Por: Estadão Conteúdo  -  14/01/22  -  10:33
Os celulares foram invadidos por programa de espionagem
Os celulares foram invadidos por programa de espionagem   Foto: Unsplash

O Citizen Lab, laboratório de cibersegurança da Universidade de Toronto, e a Access Now, organização de direitos digitais, descobriram que os telefones celulares de mais da metade dos funcionários do jornal El Faro, de El Salvador, foram grampeados entre junho de 2020 e novembro de 2021. A espionagem coincide com denúncias de casos de corrupção e ligações do narcotráfico com o governo do presidente salvadorenho, Nayib Bukele.


As duas organizações concluíram que os telefones de pelos menos 35 jornalistas e ativistas foram invadidos pelo Pegasus, software de espionagem da empresa israelense NSO Group. A espionagem atingiu todos os cargos do jornal: editores, redatores, diretores e até o setor administrativo. Desde que Bukele assumiu, em junho de 2019, o jornal vem publicando reportagens com denúncias que envolvem o governo.


A mais recente revelou um acordo entre o governo e gangues para pacificar o país. O caso mais marcante é o do jornalista Carlos Martínez, que assinou todas as reportagens sobre pactos entre políticos e narcotraficantes. Um dos mais espionados foi Óscar Martínez, vítima de 42 escutas. Editor-chefe do jornal El Faro, ele é autor de vários livros e documentários sobre cartéis e gangues.


Bukele


Os pesquisadores do Citizen Lab e da Access Now dizem que cada operação de espionagem custa milhares de dólares e dá ao programa Pegasus acesso total ao conteúdo do telefone celular: mensagens de texto, de voz, imagens, arquivos, ativação da câmera e do microfone, redes sociais, anexos de mensagens, aplicativos, e-mail, registros de chamadas e GPS.


Investigações parecidas realizadas com repórteres, ativistas e opositores de outros países indicaram que os governos geralmente estão por trás dos grampos. O NSO Group declarou que só vende o Pegasus para governos e com a autorização do Ministério da Defesa de Israel. O escritório de comunicações de Bukele disse que o governo salvadorenho não é cliente do NSO Group e garantiu que o ataque cibernético está sendo investigado.


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