Usiminas estuda projeto que pode gerar 2 mil empregos na Baixada Santista

Presidente disse em entrevista que área de galvanizado pode ficar com Cubatão

Por: Júnior Batista  -  03/08/21  -  09:48
 Usiminas em Cubatão: grupo siderúrgico já opera três linhas de aço galvanizado em Ipatinga, produzindo 1,3 milhão de toneladas
Usiminas em Cubatão: grupo siderúrgico já opera três linhas de aço galvanizado em Ipatinga, produzindo 1,3 milhão de toneladas   Foto: Carlos Nogueira/AT

O presidente da Usiminas, Sérgio Leite, afirmou que estuda instalar, em Cubatão, uma unidade de aço nobre, chamado galvanizado, que não corrói, usado em chapas de carros e lâminas inoxidáveis. Leite, que fez a afirmação em entrevista ao jornal Valor Econômico, sugeriu que essa linha ficaria na Baixada Santista.


Procurada por A Tribuna, a Usiminas disse que não há definições sobre o tema. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da Baixada Santista, uma reforma para produção de aço na empresa tem potencial para gerar 2 mil empregos.


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Na entrevista, o presidente da companhia afirmou que o planejamento de orçamento de 2022 está sendo discutido, com a possibilidade da linha começar a operar em dois ou três anos após a aprovação.


Atualmente, a Usiminas opera três linhas de galvanizados em Ipatinga (MG) e produz 1,3 milhão de tonelada por ano.


Em 2019, quando anunciou os estudos para essa linha, a Usiminas estimava uma capacidade instalada de 400 mil toneladas a 500 mil toneladas e investimentos de R$ 1 bilhão. “Neste momento, estamos avaliando essas variáveis”, disse ele ao Valor.


Dúvida


Na entrevista, o diretor de relações com investidores da empresa, Alberto Ono, afirmou ainda que a prioridade da empresa será reformar o alto-forno 3, que fica em Ipatinga (MG).


O presidente dos Metalúrgicos, Claudinei Rodrigues Gato, disse que a Usiminas tem todas as condições para se tornar novamente uma siderúrgica, algo que não acontece desde 1998, segundo ele.


“Há estudos nesse sentido há um bom tempo. Eu acredito que é possível, sim, que entre dois a três anos possa haver uma retomada de produção em Cubatão”, disse.


A principal questão, no momento, seria com a chamada coqueria, local que produz o coque, carvão mineral aquecido que alimenta o alto-forno.


Gato diz que, apesar do projeto do galvanizado demorar “dois a três” anos para acontecer, será muito bom para a Baixada Santista pelo potencial de geração de empregos. Atualmente, há 1.500 trabalhadores diretos na Usiminas de Cubatão.


O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Sérgio César de Oliveira, o Cascatinha, diz que ainda restam dúvidas. Ele explica que o tipo de trabalho feito hoje é com lâminas que já chegam prontas ao local, sendo só “laminadas” (cortadas) na unidade cubatense.


A produção de aço nobre, o galvanizado exigiria um investimento “enorme”. “Dependemos de compra de placas de fora”, disse. “O aço galvanizado exige tratamento especial, tanto térmico quanto em cobre, porque ele não corrói. É um investimento alto que já existe em Ipatinga”, conclui.


Planos por lucro


Na última sexta-feira, a empresa divulgou o balanço do segundo trimestre, com lucro líquido de R$ 4,5 bilhões – 277% maior do que o do mesmo período do ano passado, de R$ 1,2 bilhão.


Segundo o balanço, o Ebitda – lucro antes juros, impostos, depreciações e amortizações e que na prática mostra a geração de caixa por suas operações – chegou a R$ 5,06 bilhões no segundo trimestre, ante R$ 192 milhões no ano passado, um aumento de 2.543%.


Com isto, o caixa da Usiminas fechou 30 de junho em R$ 6,05 bilhões. Em 2020, a companhia tinha em caixa R$ 2,5 bilhões.


Tecnologias avançaram


O ex-vice-presidente da Usiminas, Omar Silva Junior, afirma que as tecnologias avançaram e o processo de produzir aço se tornou mais barato, por isso, é possível a unidade de Cubatão voltar a produzir aço como há anos atrás. Ele explicou que o processo atual feito por praticamente todas as siderúrgicas no País ainda é caro e extremamente difícil. “Cubatão parou de refinar aço, só compra a placa pronta e lamina. No entanto, se houver uma modificação no processo de obter aço, a partir do forno elétrico, é plenamente possível”, diz Junior.


Esse processo é tecnologicamente mais viável e barato. Para galvanizar o aço, no entanto, é preciso ir além. “Além da laminação, são usados revestimentos no aço pronto que o deixam muito mais resistentes”, afirma ele.


Ao longo do tempo, para que o carro produza menos combustível, essas chapas precisaram ficar mais leves e esse aço nobre faz isso, além de deixar o veículo com um aço mais resistente. Esse tipo de produto é usado principalmente na indústria automobilística, nas chapas dos carros.


Atualmente, a Usiminas faz dois tipos de laminação: a quente, com peças mais pesadas para a construção civil; e a frio, para a indústria automotiva, linha branca. As lâminas são todas de aço plano, que fazem, ainda, placas de concreto armado, botijão de gás e tanques de combustível. “A siderurgia está num momento bom no País, com condições de recuperação e Cubatão pode ser pujante nisto”, conclui Junior.


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