Reajuste do salário mínimo será pouco sentido no comércio da Baixada Santista

Sem aumento do poder de compra, mudanças só serão sentidas caso haja redução da inflação

Por: João Amaro & De A Tribuna On-line &  -  21/12/18  -  09:29
Em cifras, crescimento do salário mínimo será de R$ 52 em 2019
Em cifras, crescimento do salário mínimo será de R$ 52 em 2019   Foto: Agência Brasil

A aprovação do Orçamento de 2019 pelo Congresso Nacional, na noite de quarta-feira (19), incluiu o reajuste do salário mínimo para o próximo ano. A proposta, que prevê o montante subindo de R$ 954 para R$ 1.006, entretanto, não deve fazer tanta diferença na mão e no bolso do brasileiro.


Ainda pendente da sanção presidencial, o crescimento corresponde a R$ 52 – valor fatalmente gasto em amigos secretos típicos do fim de ano. Este será o último reajuste corrigido pela inflação do ano anterior, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) mais a variação doProduto Interno Bruto (PIB).


Entretanto, o crescimento da cifra não quer dizer que, a partir de 1º de janeiro, será possível notar tanta diferença nas contas do fim do mês. De acordo com o professor de Economia da Universidade de São Vicente, Marcos Colmenero, a mudança nada mais é do que o repasse da inflação do último ano, que, na mão das pessoas, pouco se nota.


"O aumento real, impactante na mão do brasileiro, é zero. O máximo que acontece é a reposição do período", explica. Colmenero também diz que o aumento do poder de compra do brasileiro será quase inexistente.


"Se a inflação subir, infelizmente, o poder acaba sendo ainda menor. Tudo depende de como vão se comportar os preços no ano que vem, e o desempenho do trabalho da equipe econômica que assume no próximo governo", enfatiza.


Sem aumento expressivo, os reflexos de uma possível injeção no fluxo do comércio na Baixada Santista só serão sentidos se, de fato, novas políticas econômicas a nível nacional forem colocadas em prática.


"Podemos estimar que os reflexos [no comércio da região] continuarão os mesmos”, diz. "É obvio que a economia está em um processo de retomada, e que precisa de consumo. Mas, ao mesmo tempo, ela também precisa de dinheiro”, afirma.


Aumento real do salário mínimo pouco será sentido no comércio da região
Aumento real do salário mínimo pouco será sentido no comércio da região   Foto: Arquivo/AT

Conformismo


Para Colmenero, é preciso se adequar ao salário, independentemente se pouco ou muito, principalmente para que não se caia no alto índice de inadimplência que atinge o país – em junho, segundo levantamento da Serasa Experian, o número de pessoas com dívidas chegou a 61,8 milhões, batendo recorde.


“É muito difícil no Brasil, onde temos taxas de juros abusivas, manter uma dívida alongada", considera. A recomendação é de que rendas extras, independentemente se vindas do aumento do salário ou não, sejam destinadas ao abatimento desses débitos.


“Mais do que isso, é preciso que a situação econômica melhore para que, ao invés de dependermos da alta do salário mínimo, o poder de compra real seja melhorado, permitindo usufruir melhor dos vencimentos”.


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