Precatórios e desistências de consórcio negociados no mercado secundário e até participação em venda de jogador de futebol começam a ficar acessíveis a investidores de menor porte por meio do segmento de criptomoedas.
As criptomoedas e o blockchain, a tecnologia que permite suas operações, são utilizados tanto como meio de pagamento (alguém envia recursos a terceiros), como para investir – compra-se o bitcoin para especular pela valorização.
Entretanto, com a consolidação do blockchain, modalidades de negócios da economia física começaram a migrar para ele, um filão que está na mira da corretora Mercado Bitcoin (MB), no mercado de moedas digitais desde 2013.
A MB já negocia precatórios, que são requisições de pagamento feitas pelo Judiciário para que Prefeitura, Estado ou União indenize um cidadão ou empresa.
No mercado convencional, bancos e grandes fundos adquirem essas requisições – como o pagamento pelos governos demora, o beneficiário cede o direito, recebendo o dinheiro na hora mediante um deságio.
O tamanho desse desconto é fundamental para o fundo ou banco lucrar, variando de 40% a 60% no mercado convencional, segundo a corretora. Esses valores são de milhões de reais. No caso da Mercado Bitcoin, ela negocia esse precatório, que vira um token (um contrato nesse meio de criptomoeda - não confunda com o token da conta corrente).
Em um dos tokens ofertados, ele pode ser comprado a partir de R$ 100, com remuneração de 15,7% ao ano. A previsão é que receba em 12 meses – o período estimado pela corretora para que a União pague o precatório. Mas o investidor pode vender o token antes do vencimento.
Em outro token, o prazo é de 39 meses pelo Estado do Rio, com retorno de 16,3%. Segundo a corretora, apesar desse vencimento ser estimado, ele é feito com base na sequência atual de pagamentos. Por exemplo, São Paulo já paga precatórios de 2003. No próximo ano, deve quitar 2004.
Nos consórcios, o Mercado Bitcoin quer entrar no segmento dos fundos que compram cotas de contratos excluídos por desistência. Por exemplo, um investidor que deveria pagar 60 meses, quitou apenas 30. A corretora compra essa cota com deságio e depois busca o lance. O formato é semelhante ao do precatório.
Atleta rentável
A corretora também prepara o futecoin. Um clube antecipa receita vendendo participação de jogadores. Quando a negociação se confirmar, quem comprou o token da modalidade será remunerado. Fica o risco de não se revelar um craque e a venda decepcionar.