Petroleiras miram Litoral Paulista

Estado tem segunda chance para faturar com projetos do pré-sal na próxima década; desta vez, protagonistas são as estrangeiras

Por: Marcelo Santos & Da Redação &  -  13/10/19  -  23:32
Leilão de petróleo: capital australiano, francês, inglês e norueguês
Leilão de petróleo: capital australiano, francês, inglês e norueguês   Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil

Depois da frustração com o impacto dos investimentos do pré-sal na Baixada Santista, a região contará com uma segunda chance para faturar com o petróleo. Uma nova safra de projetos logisticamente próximos ao Litoral Paulista deve atrair muitos recursos e gerar empregos. 


Segundo uma fonte da Petrobras, essa região que fica na parte sul da Bacia de Santos tem um potencial elevadíssimo de produção de petróleo e gás. A sugestão desse contato na estatal é que a região articule com o Governo do Estado formas de fomentar esses negócios. 


Se os ganhos com a primeira fase de investimentos se voltaram ao Rio de Janeiro por decisão estratégica da Petrobras, a segunda etapa de exploração da Bacia de Santos se dá por projetos de petroleiras estrangeiras que avançam sobre o recuo da estatal. 


As empresas que já traçam seus planos são a norueguesa Equinor (antiga Statoil), a australiana Karoon, a francesa Total e a britânica BP. Há ainda a brasileira Cosan. 


Executivos da Equinor e da Karoon se reuniram com autoridades do Governo do Estado. Já a Cosan anunciou há cinco anos que pretende construir um gasoduto, chamado de Rota 4, para abastecer a Baixada Santista e a Grande São Paulo. 


Procurada por A Tribuna, a assessoria de imprensa da Cosan afirma que a empresa estuda formas de ampliar a oferta de gás no Estado – a concessionária Comgás faz parte do grupo. 


A Cosan, via assessoria de imprensa, disse que busca alternativas para viabilizar o gás produzido no pré-sal por meio de “estrutura de escoamento e tratamento” na Baixada Santista. A empresa não fixou prazos. 


“A iniciativa privada está discutindo com as concessionárias de exploração e produção a construção de nova rota de escoamento de gás na Bacia de Santos (Rota 4), além de investimentos em um terminal de GNL (gás natural liquefeito)”, afirma nota da Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente. 
De acordo com a secretaria, a Equinor opera em Carcará e Norte de Carcará. A antiga Statoil adquiriu esses campos em 2017 por meio de rodada de partilha (formato de licitação) e a expectativa, segundo site da empresa, é de reserva de 2 bilhões de barris. 


A Karoon afirmou a A Tribuna que está em três áreas. Uma delas é Baúna, comprada da Petrobras, aquisição que será avaliada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) até 2020. Segundo a Karoon, a produção será de 30 mil barris diários. Há ainda Neon e Goiá, com planos de desenvolvimento em análise pela ANP. 


Em junho, a Total começou a perfurar o primeiro de seis poços no campo de Lapa, segundo o site EPBR. 


Já a BP é novata no radar dos paulistas. Na quinta-feira a empresa arrematou por R$ 307,7 milhões o bloco S-M-1500, que fica na direção do Litoral Sul.


Fluxo de capital ainda é tímido, diz economista


Para a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto, a Petrobras não tem condições de fazer investimentos pesados que a Bacia de Santos vai exigir até 2023 ou 2024. 


Por isso, afirma ela, a expansão das petroleiras estrangeiras é positiva. “O Estado não tem recursos e a Petrobras não tem esse volume de capital”.


Segundo a economista, o objetivo principal da estatal é dar rentabilidade aos acionistas, melhorar sua imagem e não investir tanto. “As estrangeiras são bem-vindas para a Baixada Santista e o Brasil”. 
Ela alerta que o fluxo de capital das petrolíferas estrangeiras ainda é tímido. Na quinta-feira (10), na 16ª Rodada realizada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), de 36 blocos ofertados, apenas 12 foram arrematados. A Petrobras adquiriu somente um. 


Simone afirma que ainda há receio das estrangeiras de investir no Brasil. O risco país é elevado, há muita regulamentação do Estado, intensa volatilidade política e financeira e persistem as dificuldades para empreender no Brasil. “Isso dá travas para vir para cá”.


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