A frustração e a raiva de uma geração de jovens com o aumento das desigualdades financeiras nos EUA, agravada pela crise da covid-19, seriam as explicações para o ataque dos <FI5>day traders</FI> (investidor que busca lucro com compra e venda de ações dentro de 24 horas), nos últimos dias, contra Wall Street.
Um movimento especulativo elevou as ações de empresas destinadas à falência, como a GameStop. Quase uma década depois que o movimento de protesto Ocupar Wall Street foi encerrado com poucos resultados, a “cidadela” do poder financeiro enfrenta um novo ataque, apontam estudiosos de finanças.
Os day traders, mobilizados em uma sala de bate-papo da rede social Reddit, despejaram todo o dinheiro que puderam na compra de ações da varejista de videogames em dificuldades e também de algumas outras empresas, como AMC (cinemas), consideradas pelo mercado como derrotadas ou ultrapassadas.
A compra deles inflou os preços das ações dessas empresas além do que poderia se imaginar - e, não por coincidência, infligiu enormes perdas aos chamados fundos de hedge, dos super-ricos, que apostaram na queda das ações.
Fragilidade
A raiva e o ímpeto obstinado de escolher financistas poderosos de Wall Street causaram arrepios nos investidores comuns e aumentaram os temores sobre a fragilidade dos mercados em geral, após um período prolongado de ganhos de ações alimentados por taxas de juros baixíssimas. Esses temores fizeram com que o índice S&P 500 sofresse a pior semana de perdas desde outubro.
De acordo com o World Inequality Database, dirigido por Emmanuel Saez e Gabriel Zucman, 1% dos americanos mais ricos embolsaram mais lucros, cerca de 19%, antes do desconto dos impostos, em 2019, na comparação com menos de 11% em quatro décadas anteriores.
O economista da Universidade de Nova Iorque, Edward Wolff, descobriu que os 10% dos americanos mais ricos dominam cerca de 85% do mercado acionário.