Bitcoin reage e avança 15% em apenas dez horas

Proibição da mineração da moeda virtual na China, onde processamentos estavam concentrados, trouxe muita instabilidade

Por: Matheus Müller  -  27/07/21  -  09:46
 Anúncios de grandes empresas sobre uso da criptomoeda estimularam subida desde o último domingo (25)
Anúncios de grandes empresas sobre uso da criptomoeda estimularam subida desde o último domingo (25)   Foto: Reprodução/Unsplash

O bitcoin começou a semana em alta, ou melhor, em disparada. Entre 11h30 e 21h50 de domingo, a cotação da criptomoeda saltou de US$ 33,7 mil para US$ 38.890, uma variação de 15,4%. Mas não parou por aí. Ontem, por volta das 16h10, ela rompeu US$ 40.150, algo que não ocorria desde a segunda quinzena de junho, quando despencou para a casa dos US$ 30 mil e oscilou. Às 22h48, estava a US$ 37.135.


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Essa volatilidade do bitcoin gera grande desconfiança entre investidores, ainda mais pelo fato dos valores serem afetados por declarações de grandes empresas na mídia, o que assusta o mercado. E, mais uma vez, a variação parece ter recebido estímulos dessas gigantes. Na última quarta-feira, o CEO da Tesla, Elon Musk, afirmou ser “um defensor do bitcoin e da ideia das criptomoedas em geral”.


A declaração ocorreu durante a conferência B World, que também contou com a presença do CEO do Twitter, entre outros. Segundo Guilherme Rennó, YouTuber e CEO da Criptomaniacos (plataforma de educação financeira), esse tipo de posicionamento é um dos motivos para um pump (alta) nos valores. “(O aumento ocorre) no momento que o Elon Musk voltou a falar bem sobre bitcoin, após um longo período de críticas (que fizeram o valor da moeda cair de US$ 63 mil em abril para US$ 30 mil)”, aponta o especialista.


Rennó entende que “essa manipulação que acontece por parte dessas figuras conhecidas, de fato não é positiva, pois, da mesma forma que ela gera esse pump, pode gerar um dump (queda) como já vimos anteriormente”, como o exemplo citado acima.


Além do posicionamento de Elon Musk, recentemente a Amazon se manifestou sobre a possibilidade de aceitar a moeda virtual na venda de produtos. Mais um gatilho para a alta.


Descentralização beneficia


O CEO da Criptomaniacos, Guilherme Rennó, diz que o fator notícia é o que mais chama a atenção para a escalada do preço do bitcoin. Entretanto, ele destaca que o movimento pode estar atrelado a fundamentos da rede da criptomoeda e nos seus gráficos. “Estamos vendo diversas implementações da rede do bitcoin que fazem com que o preço tenha essa tendência de subida. O bitcoin está se tornando cada vez mais privado, descentralizado, como se pode observar na mineração, que era muito dependente e estava muito concentrada na China”.


Segundo Rennó, assim que o governo chinês proibiu a mineração de criptomoedas (processamento das operações de compra e venda), diversas empresas começaram a migrar a outros países, principalmente para os Estados Unidos.


Os mineradores têm dois objetivos: gerar novos bitcoins e garantir a justa distribuição, ao confirmarem transações na moeda e registrá-las na blockchain.


“A gente começa a observar uma fatia do mercado de mineração crescente entre os pequenos mineradores. Isso é ótimo porque a gente não quer que esteja concentrada em cinco ou seis grandes mineradores. A descentralização acaba ajudando a rede bitcoin”.


Ele reforça que esse trabalho na mão de poucos pode causar grandes impactos, caso surjam problemas, como a decisão do governo chinês de proibir a mineração, uma medida que ocasionou a fuga de investidores e, consequentemente, a queda de valores das moedas virtuais.


Em relação ao estudo dos gráficos, Rennó aponta que existe uma análise comportamental dos investidores, não só com as notícias veiculadas, mas pelo tempo de investimento.


De acordo com ele, isso significa que, quando muitos começam a resgatar seus bitcoins, em um determinado momento, sobrarão os investidores de longo prazo e aqueles que não consideram vantagem vender as moedas diante das perdas.


Nesse cenário, o especialista revela que o bitcoin nunca rompeu para baixo (ficou em queda) após 200 semanas. E, de acordo com os gráficos, o momento atual é, também, de recuperação.


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