Bancos seguram juros do setor da habitação na Baixada Santista

Instituições que financiam casa própria na região não subiram taxas após Selic aumentar para 7,75%

Por: Júnior Batista  -  06/11/21  -  19:37
 O volume de empréstimos deve terminar este ano batendo recorde histórico
O volume de empréstimos deve terminar este ano batendo recorde histórico   Foto: Luigi Bongiovani/AT

Mesmo com a alta da Selic, a taxa básica de juros, especialistas do setor imobiliário acreditam em condições atraentes para a casa própria. O fato da Baixada Santista ter muitas construtoras e incorporadoras financiando com recursos próprios também aumenta o poder de negociação. A Tribuna apurou que Caixa, Itaú-Unibanco, Santander e Bradesco não subiram suas taxas desde que a Selic passou de 6,25% para 7,75%. A média do juros imobiliários está entre 8% e 9% ao ano.


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Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o volume de empréstimos deve terminar este ano batendo recorde histórico, com aumento de 57% em relação a 2020, com R$ 195 bilhões negociados. Para o próximo ano, a entidade espera uma estabilidade desses dados.


“O próximo ano deve seguir neste patamar, o que por si só é positivo. Não esperamos um crescimento porque a base do ano que vem será maior, mas seguiremos nessa magnitude”, explica a presidente da Abecip, Cristiane Portella.


Segundo ela, enquanto as taxas estiverem em torno de um dígito, o mercado deve continuar crescendo, mas em um ritmo menor do que o dos últimos meses. “Ainda que estejamos vendo alguns aumentos de juros, e eles continuarão, a experiência mostra que tivemos anos muito bons mesmo com taxas mais altas”.


O economista e professor de finanças do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Alexandre Jorge Chaia, afirma que as taxas entre 8% e 9% ao ano no crédito imobiliário são confortáveis. “Porém, o mercado não deve se manter aquecido em 2023 e 2024, porque a construção deu uma segurada. E como as construções são lentas, a tendência de 2021 se mantém em 2022, com menos obras e menos lançamentos lá na frete”, afirma.


Tendência
Chaia está otimista com os preços dos imóveis e diz que o aumento no custo da construção tende a se normalizar com a retomada econômica. O problema da falta de insumos, aos poucos, entrará nos eixos, segundo ele. O Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) aumentou 15,93% no acumulado dos últimos 12 meses, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV).


De acordo com o economista-chefe do Secovi (Sindicato da Habitação), Celso Petrucci, a contratação de financiamentos diminui de ritmo, mas se mantem porque efetivamente as taxas de juros dos bancos aumentaram pouco. “Comparando com seis meses atrás, as taxas subiram somente 1%”, diz.


Ainda assim, há um público que fica de fora, avalia o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado (Creci), José Augusto Viana Neto. “A Selic em alta tira do mercado diversas possibilidades de contratações. Acaba excluindo um público que não consegue atingir determinada faixa de renda e financiar”, diz.


Para o diretor regional do Secovi, Carlos Meschini, o pé no freio dos financiamentos imobiliários acontece com menor velocidade na região, que possui muitas construtoras e incorporadoras consolidadas para fornecer crédito.


“Nesse sentido, a Baixada tem uma vantagem por haver muitas construtoras com financiamentos próprios e que negociam taxas menos cruéis para conseguir vender quando há esses aumentos. Por ter construtoras fortes, a região sentirá menos essas quedas”, diz ele.


Susto
O diretor regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado (Sinduscon), Lucas Teixeira, diz que a pandemia por si só trouxe um “susto” no setor, o que segurou os lançamentos. “Tanto que em Santos praticamente não teve nesse período, mas para o ano que vem a previsão é de um retorno gradual. No ano que vem, já teremos lançamentos importantes”.


Meschini afirma que, mesmo com todas essas questões, faz um balanço positivo. “Com a Selic em torno dos 9%, como é previsto para o começo do ano, ainda vejo como um bom momento”.


Contexto
A presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Cristiane Portella, diz que o contexto social e político também vai afetar o mercado imobiliário. “Essa questão da confiança e do emprego também são fatores importantes. Não podemos esquecer que é um ano de eleição, que é mais emocionante e volátil”, diz.


Ela acredita que a alta da Selic não será a única variável a afetar os financiamentos imobiliários no próximo ano. O diretor regional do Secovi, Carlos Meschini, acredita que as altas no dólar e, principalmente, da inflação devem afetar a decisão do consumidor de comprar ou não a casa própria. “Há um baque pós-covid e o ano que vem será de muita luta para abrir os caminhos”.


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