Bahia recebe indenização de R$ 2,15 bi da Ford por fechar fábrica

Empresa encerrou atividades em janeiro, em Camaçari, onde produzia os modelos Ka e EcoSport

Por: Estadão Conteúdo  -  19/06/21  -  05:00
 Governo da Bahia não informou sobre como o dinheiro recebido será utilizado
Governo da Bahia não informou sobre como o dinheiro recebido será utilizado   Foto: Divulgação/Ford

O governo da Bahia informou que recebeu da Ford nesta sexta-feira (18), R$ 2,15 bilhões como indenização pelo fechamento, em janeiro, da sua fábrica em Camaçari, onde produzia os modelos Ka e EcoSport.


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Nota emitida explica que, em 2014, foi feito um termo aditivo a contrato firmado entre as partes em que a empresa se comprometia a realizar investimentos no complexo industrial Ford Nordeste, em contrapartida a ações de fomento e financiamento de capital de giro criadas pelo Estado.


"Com a decisão da Ford por fechar o complexo em definitivo, estes benefícios foram o parâmetro das negociações para se chegar ao valor da indenização devida pela empresa, acrescido de correção monetária", diz nota enviada pelo governo baiano. Não há dados sobre como o dinheiro será utilizado.


Ao Estadão, a Ford afirmou que "confirma que celebrou acordo com o governo da Bahia no montante de R$ 2,15 bilhões e que o pagamento foi feito integralmente na data de hoje (dia 18)". Havia sido informado que o acordo seria divulgado em breve, e que a indenização seria de cerca de R$ 2,5 bilhões, mas houve ajustes no valor.


A Ford anunciou o fechamento das fábricas de carros da Bahia e de motores em Taubaté (SP) em janeiro. Em 2019 o grupo já havia fechado a unidade de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.


A planta industrial da Troller em Horizonte (CE), onde são produzidos jipes T4, vai funcionar até o fim do ano e também está à venda. Com isso, a empresa passou a ser apenas importadora de modelos da marca, mas decidiu manter seu centro de desenvolvimento em Camaçari.


Funcionários e lojistas


Quando decidiu deixar de produzir veículos no Brasil, onde por muitos anos foi o quarto maior em vendas, o grupo disse que havia reservado US$ 4,1 bilhões para indenizações de governos, trabalhadores, distribuidores e fornecedores. Fontes do mercado, contudo, afirmam que esse valor já teria sido ultrapassado.


A montadora já fechou acordos de indenização com os cerca de 5 mil trabalhadores de Camaçari e Taubaté, após várias reuniões com os sindicatos de metalúrgicos locais. Cada um deles recebeu no mínimo R$ 130 mil, além dos direitos normais de rescisão de contratos.


Não há informações de como estão as indenizações de fabricantes de autopeças. Já com os concessionários, que ameaçaram ir à Justiça, a empresa preferiu negociações individuais. A Ford informou que "continua com um excelente progresso nesta questão, mas ainda temos algumas negociações pela frente".


Venda de fábricas


A Ford disse que tem recebido vários contatos de interessados em adquirir o complexo de Camaçari, onde além da fábrica de carros da marca atuavam vários fornecedores de autopeças, mas não há nada conclusivo ainda.


O governo do Ceará acompanha negociações com dois interessados na Troller, e tenta convencer o comprador a manter a produção do jipe, que foi desenvolvido por empresários locais. A intenção é manter a marca na região, assim como os 450 empregados da fábrica.


A fábrica de Taubaté passa por processos de desligamento e desmontagem de equipamentos, com menos de 60 funcionários nessas funções. Não há informações de interessados em adquirir as instalações.


A rede de revendas da Ford tinha 283 pontos de venda, mas a marca deve ficar com apenas 120 para comercializar os modelos importados, entre os quais os utilitários-esportivos Territory, que vem da China, e o Bronco, produzido no México. As demais buscam novas bandeiras para atuar e algumas devem fechar as portas.


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